A FALTA de informação sobre a saúde sexual reprodutiva, acesso e uso de contraceptivos modernos, tabus em torno da sexualidade, bem como a incapacidade de negociar o sexo mais seguro continuam a concorrer para a elevada taxa de gravidez na adolescência no país.
A informação consta do Relatório de Avaliação do Género em Moçambique: Alavancar o Potencial das Mulheres e das Raparigas, do Banco Mundial, que aponta ainda que as uniões prematuras e o aumento de gravidezes na adolescência estão relacionados, visto que este grupo inicia a vida reprodutiva mais cedo.
O estudo indica que as taxas são consideravelmente mais elevadas nas três províncias do Norte, nomeadamente Niassa, Cabo Delgado e Nampula, do que no resto do país e, as raparigas das zonas rurais têm quase o dobro de probabilidade de engravidarem do que das urbanas, de forma semelhante as pobres em relação à classe média alta.
Tal cenário coloca-os em maior risco de contraírem infecções de transmissão sexual (ITS). Concorre ainda para que adolescentes e mulheres jovens, dos 15-24 anos, tenham índices de HIV/Sida mais elevados, com 9,8 por cento em comparação com os do homólogos masculinos, com 3,2 por cento.
O documento indica que apesar do compromisso dos doadores e Governo em assegurar a aquisição de anticoncepcionais, a distribuição e aceitação entre os segmentos-chave da população em diferentes regiões não têm sido uniforme.
Assim, defende o aumento do fornecimento dos contraceptivos através dos múltiplos canais, incluindo maior integração com outros serviços de saúde materna e infantil prestados nas unidades sanitárias, a expansão dos Serviços Amigos dos Adolescentes e Jovens (SAAJ) e a distribuição nas escolas secundárias e técnico-vocacionais, através de brigadas móveis em áreas de difícil acesso.
É necessário ainda assegurar atitudes favoráveis e conhecimentos dos pais, parceiros e outras figuras influentes bem como abordar tabus, desinformação e outros factores que impedem os adolescentes de procurar os Serviços de Saúde Sexual Reprodutiva.
Os índices de gravidez na adolescência no país são mais elevados da África Oriental e Austral. Em 2023, 180 em cada 1000 raparigas e mulheres jovens com idade entre os 15 e 19 anos deram à luz.
Fonte: Jornal Noticias