ENTRE TELAVIVE E HAMAS: Um mês de conflito sem fim à vista

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JOSÉ SOUSA DIAS, DA AGÊNCIA LUSA

SEM fim à vista, o conflito entre Israel e o Hamas, movimento islamita que governa a Faixa de Gaza desde 2007, cumpriu esta semana um mês, deixando um rasto de destruição e de mortes, sobretudo de civis.
Desencadeado a 7 de Outubro, com o ataque do Hamas a Israel que provocou mais de 1.400 mortes e 240 reféns feitos pelo movimento que União Europeia (UE) e Estados Unidos consideram uma organização terrorista, e agravado pela resposta militar israelita em Gaza.
OBJECTIVOS DE ISRAEL
Desde as primeiras horas do conflito que o exército de Israel tem atacado e bombardeado a Faixa de Gaza, com o anunciado objectivo de aniquilar o Hamas, incluindo encontrar e eliminar o seu líder, Yahya Sinouar, segundo disse recentemente o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant.
Numa Faixa de Gaza em que o exército israelita reivindicou também ter conseguido dividir em dois, a situação humanitária continua catastrófica, segundo as Nações Unidas (ONU) e o próprio Hamas, na sequência dos bombardeamentos, mas também do cerco ao enclave palestino, em que foram cortados os abastecimentos de água, combustível e electricidade.
A ONU, aliás, têm liderado os apelos ao fim do conflito ao denunciarem a “catástrofe humanitária” reinante na Faixa de Gaza, responsabilizando Telavive pela situação.
ALARGAMENTO DA GUERRA
O envolvimento no conflito do movimento xiita libanês pró iraniano Hezbollah, a partir do sul do Líbano e contra o norte de Israel, tem sido visto como uma forma de o Irão abrir uma nova frente de combate, obrigando o exército israelita à dispersão de meios.
O poderoso movimento xiita não conta, porém, com o apoio político do governo provisório do Líbano, facto consubstanciado mais uma vez no passado sábado, quando o primeiro-ministro em exercício libanês, Nayib Mikati, pediu ao secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, numa digressão por vários países do Médio Oriente, para que os Estados Unidos da América (EUA) intercedam no sentido de pôr termo “à agressão israelita” em Gaza e no sul do Líbano.
RECEIOS DE DESCONTROLO
A constante pressão militar do exército israelita, de um lado, e das milícias do Hamas, apoiadas no norte de Israel pelo Hezbollah, por outro, têm levado vários Estados da região a escalar a retórica contra Telavive e Washington, que intimam a parar as hostilidades.
O chefe do Governo iraquiano, Mohamed Shia al-Sudani, acusou os EUA de “mentirem” quando Washington afirma que procura um cessar-fogo, vetando, depois, as resoluções nesse sentido do Conselho de Segurança da ONU, “permitindo assim que os sionistas cometam mais assassínios”.
“As armas americanas, os serviços secretos e a ajuda financeira ao regime sionista encorajam os assassínios e as acções brutais contra o povo palestino”, afirmou por seu lado, o Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, que frisou que a decisão de não arrastar a região para uma guerra em grande escala “está nas mãos daqueles que cometem crimes contra Gaza”.
Por outro lado, o parlamento da Liga Árabe pediu ao Conselho de Direitos Humanos da ONU para formar um comité internacional que investigue o “crime de guerra” israelita contra civis de Gaza, acusando Israel de cometer “um genocídio” no enclave palestino.
SOLUÇÃO DE DOIS ESTADOS
O alto-representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, também se juntou à voz dos EUA, na defesa de uma solução de dois Estados para o conflito entre Israel e o Hamas, mas admitiu também que a UE, apesar de se ter comprometido nesse sentido, “não apresentou um plano credível para atingir esse objectivo”.
O chefe da diplomacia europeia sustentou que, actualmente, “não há condições para essa solução”, lembrando que houve essa possibilidade quando, há 30 anos, em 1992, em Oslo, os acordos então assinado previam isso mesmo.
O governo israelita de Benjamin Netanyahu nunca se comprometeu com a solução de dois Estados, mesmo depois de a administração norte-americana, através de Joe Biden, ter afirmado que esse é o caminho que deve ser seguido.
REGRESSO DA ANP
Após algumas críticas, consideradas “ténues” pela comunidade internacional, o Presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, regressou domingo à ribalta, ao condicionar, no final da guerra, um regresso do seu executivo a Gaza a um acordo político mais abrangente englobando também a Cisjordânia e Jerusalém leste ocupadas.
Frisando que a Faixa de Gaza, nas mãos do Hamas desde 2007, é parte integrante do Estado da Palestina, Abbas referiu que Ramallah, sede do seu executivo, assumirá todas as responsabilidades no quadro de uma solução política global para a Cisjordânia, Jerusalém leste e a Faixa de Gaza.

Fonte:Jornal Notícias

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