A recuperação recorde do ouro pode ainda continuar, particularmente com os investidores a prepararem-se para cortes nas taxas de juro – mas os analistas dizem que a prata parece estar bem posicionada para ofuscar o metal amarelo na segunda metade do ano.
Os preços do ouro à vista na segunda-feira, 12/03, subiram para US$ 2.178 por onça, depois de se estabelecerem no seu ponto mais alto desde 1979 nesta quinta-feira, 14/03.
Os preços da prata à vista, por sua vez, foram vistos pela última vez em alta de 0.2%, a $ 24.36 por onça, às 6h24, horário de Londres (1h24 ET). O contracto, que subiu mais de 5% na semana passada, na quinta-feira (14/03) se estabeleceu em seu nível mais alto desde o final de Dezembro.
Os preços dos metais preciosos subiram nas últimas semanas em meio às crescentes expectativas de cortes nas taxas de juros dos EUA. O Presidente da Federal Reserve, Jerome Powell, disse na quinta-feira (14/03) que a inflação “não está longe” de onde precisa de estar para que o banco central comece a cortar as taxas.
O ouro, que é tipicamente considerado um activo “porto seguro” em alturas de incerteza financeira, recuperou apesar das elevadas taxas de juro e de um dólar americano relativamente forte.
“Se analisarmos as correlações do ouro, verificamos que, apesar da narrativa de que se trata de um activo defensivo, na realidade oscila entre os dois. Por vezes, pode ter um desempenho em linha com o risco e, por vezes, contra o risco”, disse Marcus Garvey, Director de estratégia de matérias-primas da Macquarie, ao programa “Street Signs Europe” da CNBC, na sexta-feira, 08 de Março.
“O que é preciso é saber qual é a causa subjacente a esses movimentos e porque é que o ouro está a reagir de uma forma ou de outra, e penso que aqui, realmente, o que está a configurar o ouro muito bem … são as expectativas de cortes nas taxas. Isso é claramente um risco positivo”.
Garvey disse que os dados de curto prazo sobre o emprego e a inflação nos EUA podem determinar se os preços do ouro, que ele descreveu como “incrivelmente resistentes” até agora, chegam a US$ 2.300 ou caem para cerca de US$ 2.100.
“Do ponto de vista da prata, quero dizer que é uma espécie de números redondos, na verdade, queremos ultrapassar confortavelmente o nível de 24 dólares para sentirmos que temos um pouco mais de espaço para correr. Embora estejamos apenas um pouco ao norte dele, o escopo para uma correcção de volta para baixo ainda é claramente uma vulnerabilidade “, disse Garvey.
“A última coisa que eu poderia acrescentar sobre a prata, porém, como um metal precioso e industrial duplo, se começarmos a ver o crescimento global aumentar um pouco mais ao longo deste ano – o que é muito nosso caso básico – então eu esperaria que a prata passasse de um desempenho relativo inferior ao ouro para ser um desempenho relativo superior ao ouro durante o terceiro e quarto trimestre deste ano.
Um “ano fantástico” para a prata?
Os preços do ouro e da prata têm tradicionalmente mostrado uma forte correlação positiva, embora a prata tenha sido por vezes descrita como o “primo mais pobre” do ouro.
No início do ano, o Silver Institute afirmou num relatório que a procura global de prata deveria atingir 1,2 mil milhões de onças em 2024, atingindo o seu segundo nível mais elevado de sempre.
O instituto, uma associação internacional sem fins lucrativos composta por vários membros da indústria da prata, disse à ao canal CNBC, no mês passado, que espera que a prata tenha um “ano fantástico”, particularmente em termos de demanda.
A prata é utilizada principalmente para fins industriais e normalmente incorporada no fabrico de automóveis, painéis solares, jóias e electrónica.
“O que normalmente acontece com a prata é o seguinte: ela acompanha o ouro, mas mais tarde”, disse Randy Smallwood, CEO da Wheaton Precious Metals, à CNBC no início de Fevereiro.
“O ouro vai subir primeiro e depois a prata vai descolar rapidamente. E a prata tem sempre um desempenho superior. É apenas tarde”.
Fonte: O Económico
