O ouro ultrapassou o nível de US$ 2.700 por onça nesta sexta-feira, 18/10, pela primeira vez na história, reflectindo a crescente demanda por activos de refúgio seguro em meio às incertezas globais. O nervosismo em torno das eleições presidenciais nos Estados Unidos e as tensões latentes no Oriente Médio, com destaque para a escalada de violência entre o Hezbollah e Israel, têm contribuído para a subida do metal precioso.
O ouro à vista subiu 0,6% para US$ 2.709,28 por onça às 04:30 GMT, acumulando um ganho de 2% na semana. Da mesma forma, os futuros do ouro dos EUA registaram um aumento de 0,6%, sendo negociados a US$ 2.724,50. Segundo Christopher Wong, estrategista de câmbio da OCBC FX, o ouro pode ganhar ainda mais tração nos próximos dias, dada a volatilidade dos eventos geopolíticos e eleitorais.
As eleições americanas, marcadas para as próximas semanas, estão a gerar incerteza política, com a Vice-Presidente democrata Kamala Harris e o ex-Presidente republicano Donald Trump a competir pelo apoio dos eleitores. Paralelamente, as preocupações com o Médio Oriente aumentaram depois de o Hezbollah ter anunciado que vai escalar o conflito com Israel após o assassinato do líder do Hamas, Yahya Sinwar.
O ouro continua a beneficiar de um cenário de política monetária frouxa, com a *Reserva Federal dos EUA ainda a considerar um corte nas taxas de juro em Novembro, apesar dos dados económicos indicarem um fortalecimento da economia americana. Este ambiente de taxas de juro mais baixas aumenta o apelo do ouro, uma vez que o metal não oferece rendimento, tornando-se mais atraente em relação a outros ativos de rendimento fixo.
Tai Wong, um comerciante de metais baseado em Nova Iorque, comentou que “o ouro continua a aproveitar o mercado em alta e não mostra sinais de exaustão”. Ele destacou ainda que o ouro tem resistido à força do dólar americano, recuperando sempre que pode, reforçando a percepção de que o metal continuará a desempenhar um papel importante como reserva de valor.
Segundo Ryan McIntyre, gestor sénior de carteiras da Sprott Asset Management, o ouro continuará a ter um bom desempenho a longo prazo, beneficiando de situações fiscais precárias em muitas economias ocidentais e da crescente demanda global por uma reserva de valor independente de outros activos e instituições. As previsões para o futuro são otimistas, com os participantes da London Bullion Market Association a preverem que o preço do ouro poderá atingir US$ 2.941 nos próximos 12 meses.
A incerteza económica e geopolítica, aliada a um ambiente de política monetária flexível, continua a ser o principal motor por trás do aumento do valor do ouro, à medida que investidores buscam segurança em tempos de volatilidade e riscos elevados.
Fonte: O Económico
