Moçambique enfrenta desafios cambiais e de segurança: CTA alerta para impactos no Ambiente Empresarial

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Durante o “Economic Briefing” realizado em Maputo, quarta-feira, 14/08, o Presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma, fez um alerta contundente sobre os desafios que o sector empresarial moçambicano enfrenta no actual contexto económico. No seu discurso, Vuma destacou dois problemas críticos que afectam directamente, na actualidade, o ambiente de negócios em Moçambique: a escassez de divisas e a crescente insegurança, marcada por raptos e sequestros que têm vitimado empresários em todo o País.

Desafios cambiais e Impacto nas empresas

Um dos principais pontos levantados pelo Presidente da CTA foi a dificuldade crescente que as empresas têm enfrentado para acessar divisas no mercado interno. Embora o País tenha registado uma estabilidade cambial e um aumento nas reservas internacionais líquidas, Vuma alertou que a disponibilidade de divisas está aquém do necessário para sustentar as operações empresariais, especialmente para aquelas que dependem de importações.

As recentes medidas de restrição cambial adoptadas pelo Banco de Moçambique foram apontadas como responsáveis por uma queda significativa nas exportações e uma consequente redução no volume de importações. “No primeiro trimestre de 2024, registramos uma queda média mensal de 23% nas exportações em comparação com o mesmo período de 2023,” afirmou Vuma, destacando que essa queda compromete a base de geração de moeda externa no país.

Além disso, a falta de liquidez no Mercado Cambial Interbancário (MCI) resultou em um aumento nas necessidades não atendidas das empresas em moeda estrangeira, que atingiram cerca de 400 milhões de dólares em Junho de 2024. Vuma ressaltou que, sem os grandes projectos de investimento, o déficit de oferta de divisas atinge 80%, o que cria uma pressão significativa sobre o sector privado.

Insegurança: Um freio ao Ambiente de Negócios

Outro desafio destacado pelo Presidente da CTA foi o impacto negativo da insegurança, particularmente os casos de raptos e sequestros que têm vitimado membros da classe empresarial. Desde o surgimento deste fenômeno em 2011, mais de 250 casos foram registados, dos quais poucos foram esclarecidos, e a maioria dos mandantes permanece impune. No primeiro semestre de 2024, 15 novos casos foram registados, aumentando o clima de medo e insegurança entre os empresários.

Vuma elogiou os pronunciamentos recentes do Presidente da República sobre as medidas em curso para combater este mal, mas expressou preocupação com a falta de resultados concretos até o momento. “Registamos com profunda preocupação que, apesar das declarações de que alguns mandantes foram identificados, não há registro público da detenção e condução à justiça de qualquer deles,” afirmou.

Perspectivas 

Olhando para o futuro, Vuma demonstrou um optimismo cauteloso com a aproximação de um novo ciclo governativo, que será definido pelas eleições de Outubro de 2024. Ele expressou a esperança de que o próximo governo seja mais favorável aos investimentos e promova um ambiente macroeconómico mais estável, com políticas estruturantes para o controle da inflação, redução das taxas de juros e estabilidade cambial.

Além disso, o Presidente da CTA reafirmou o compromisso da entidade em continuar a ser um actor central no diálogo público-privado, defendendo políticas e reformas que fortaleçam o sector empresarial e contribuam para o desenvolvimento sustentável de Moçambique.

Neste 15º Economic Briefing, a CTA destacou a urgência em enfrentar os desafios económicos e de segurança que afectam o ambiente de negócios em Moçambique. As dificuldades no acesso a divisas e a crescente insegurança representam obstáculos significativos para o crescimento do sector privado, exigindo uma resposta eficaz tanto do Governo quanto das instituições privadas para garantir um futuro mais promissor para a economia moçambicana.

Fonte: O Económico

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