Fraqueza na procura global de petróleo deve persistir, enquanto oferta continua a crescer

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De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), a procura global por petróleo está a enfraquecer e deverá continuar essa tendência em 2024 e 2025. Esta desaceleração ocorre num momento em que o mercado global já enfrenta uma superabundância de oferta. A IEA prevê que a procura aumente em apenas 900 mil barris por dia em 2024 e cerca de 1 milhão em 2025, uma queda acentuada em comparação com o crescimento de 2 milhões de barris por dia observado nos últimos anos.

A China, que foi responsável por quase 70% do crescimento global da procura em 2023, está a ver uma desaceleração significativa, devendo representar apenas cerca de 20% do crescimento nos próximos dois anos. A economia chinesa, que enfrenta desafios pós-pandémicos, tem registado uma queda constante na procura de petróleo, com uma redução de 500 mil barris por dia em agosto de 2024, o quarto mês consecutivo de declínio.

Além disso, o aumento da produção de petróleo em países como os Estados Unidos, Brasil, Canadá e outros produtores fora da OPEC+ está a pressionar ainda mais o mercado. Esses países estão a liderar o crescimento da oferta, com a produção global a aumentar 1,5 milhões de barris por dia em 2024, o que deverá continuar até 2025. A oferta de países da OPEC+ também se mantém robusta, apesar dos cortes de produção que têm sido implementados para estabilizar os preços.

 

Transição energética e impacto no consumo de petróleo

Outro factor relevante para a fraqueza da procura é o avanço das transições energéticas. A adopção crescente de veículos eléctricos, a melhoria na eficiência de combustíveis e a substituição do petróleo por outras fontes de energia, especialmente na geração de electricidade em algumas regiões, estão a reduzir a dependência global do petróleo. Este fenómeno é especialmente evidente em economias desenvolvidas, como as da Europa e América do Norte, onde a procura de petróleo deve continuar a cair até o final da década.

Apesar do abrandamento da procura, a oferta global continua a crescer. A IEA estima que a capacidade de produção de petróleo atinja 114 milhões de barris por dia até 2030, superando em 8 milhões de barris por dia a procura global esperada para o mesmo período. Esta disparidade poderá levar a um excesso de capacidade, com consequências significativas para os mercados de energia e para os produtores, especialmente os membros da OPEC+.

 

Riscos geopolíticos e volatilidade do mercado

Embora o mercado de petróleo esteja bem abastecido, o risco de interrupções devido a tensões geopolíticas, como o conflito entre Israel e o Irão, continua a gerar preocupações. Caso o conflito no Médio Oriente se intensifique, especialmente com ataques a infraestruturas de petróleo, como a Ilha de Kharg no Irão, a oferta global poderá sofrer interrupções significativas, levando a novos picos nos preços do petróleo.

Apesar desses riscos, a IEA mantém uma perspectiva optimista para o equilíbrio entre oferta e procura, com as reservas globais a proporcionar uma almofada considerável em caso de perturbações. As reservas de petróleo da IEA e de seus países membros, que somam mais de 1,2 mil milhões de barris, bem como as reservas da China, que podem cobrir até 75 dias de consumo, oferecem uma rede de segurança para o mercado.

Com este panorama, os próximos anos poderão trazer novos desafios para os mercados de petróleo, à medida que a oferta se mantém elevada e a procura continua a enfraquecer devido às mudanças estruturais nas economias globais e às transições energéticas.

Fonte: O Económico

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