FINANCIAMENTO ÀS MPMES: IPEME reconhece rigidez dos requisitos de acesso a fundos, tornando-os ociosos

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A Inflexibilidade de critérios tem sido apontada como fonte das dificuldades que as PME”s têm estado a enfrentar no  acesso a fundos em bancos comerciais para financiar as suas actividades e expansão. O debate é antigo, recorrente e candente, mas não se vislumbram soluções imaginativas que possam contornar a situação em prol de um impacto socioeconómico positivo, tal é a importância atribuída e reconhecida que o segmento ostenta.  

Revelado com alguma preocupação pelo Ministro da Indústria e Comércio, o assunto também inquieta o Instituto para a Promoção das Micro e Pequenas Empresas, IPEME.

 Esta instituição pública, na voz da Directora – Geral, Joaquina Gumeta, avança que a solução deste problema passa por uma maior coordenação entre os intervenientes na monitoria e gestão dos fundos para anteciparem-se às dificuldades e avaliarem a possibilidade de adopção de medidas simplificadas de procedimentos para o acesso a financiamentos.

Falando recentemente em Maputo na reunião do Gabinete Interministerial de Remoção de Barreias ao Investimento (GIRBI), o Ministro da Indústria e Comércio revelou, por exemplo, que a taxa de utilização do fundo da KFW era ZERO. 

Atónito, Silvino Moreno sugeriu que o fenómeno fosse analisado em fórum apropriado por tratar-se de um assunto preocupante, num mercado onde a escassez do financiamento constitui um verdadeiro drama para o empresariado. 

No caso, o Ministro falava de um fundo de 12 milhões de euros, uma janela de financiamento criada em Junho e cuja oportunidade de se usar o dinheiro esta a ser ‘desperdiçada’ pelo Sector Privado.  

O IPEME participou do encontro do GIRBI, no qual a questão a respeito deste fundo agora ocioso foi levantada. Pronunciando-se a posterior e num outro contexto e em entrevista ao OECONÓMICO, a Directora-geral desta instituição de promoção de MPMEs,  tentou explicar as razões que justificam a inacessibilidade deste e de vários janelas de financiamento ao sector privado.

 “É delicado, é muito delicado, há pouca flexibilidade, como outros fundos também há muitas dificuldades. E o problema é que os bancos comerciais aplicam taxas, e não são só as taxas, é um conjunto de critérios”, reconheceu Gumeta, tendo acrescentado que  “então, se você não reúne (os critérios), (você) está fora. Esse é que é o problema”, rematou.

Joaquina Gumeta, não só  considerou o fenómeno um problema já de há muito tempo  como também traçou o perfil do desafio que o mesmo representa para o IPEME.

 “Então, o desafio que nós temos, como Instituto de Promoção de Pequenas e Médias de Empresas, é de estarmos cada vez mais articulados, sobretudo e principalmente também com os intervenientes do ponto de vista de fontes de financiamento para articularmos em aspectos de busca e fixação de  critérios mínimos para o acesso ao financiamento”.

Com critérios menos rígidos, o IPEME acredita que o problema pode ser ultrapassado, dependendo de cada caso.

“Dependendo do tipo de fundo. Há fundos que são um pouco mais flexíveis. Então, vamos ver como é que conjuntamente podemos chegar a mesmos critérios. Podemos ver se é aplicável para as zonas rurais”, sugeriu adicionando que “Vamos ver qual é o requisito mínimo básico”. 

Para Joaquina Gumeta, as dificuldades de acesso a financiamentos não se cingem somente  a rigidez dos bancos comerciais, derivam igualmente da forma como as empresas se estruturam desde a sua criação. 

A forma como elas se capacitam também contribui para a perpetuação de queixas persistentes que desembocam no não financiamento por as MPMEs não conseguirem apresentar requisitos mínimos impostos pela banca comercial. 

A respeito, a Diretora-geral do IPEME, apresentou algumas situações dessa natureza, como por exemplo na área de gestão.

“Gestão técnica, gestão de negócio. Por isso que a primeira área,  para qualquer um que se habilite ao desenvolvimento de um negócio, é a preparação técnica em termos de gestão, aquela gestão básica, sobre como gerir o dinheiro, o que é receita, o que é despesa, onde enquadrar, por exemplo, os salários, saber que ele próprio só é dono da empresa na hora de lucro e que durante o dia que ele está a trabalhar é um trabalhador”, destacou Gumeta.

Para o IPEME, uma empresa estruturada tem mais chances de chegar ao financiamento, porque domina procedimentos e tem acesso a informação.

Para garantir que MPMEs tenham acesso a formação, para mitigação de problemas relacionados a dificuldades de financiamento, o  IPEME garantiu que faz o que pode dentro do seu mandado e atribuições, como instituição do Estado dedicada a promoção de pequenas e médias empresas. 

Explicou que a promoção é uma palavra que tem várias vertentes que incluem garantir a criação, existência, sobrevivência, resiliência e prosperidade de MPMEs.

Para que isso aconteça, salientou o IPEME, não basta só ensinar Gestão de Negócio, “  deve-se despertar na pessoa a vontade de gostar de fazer o negócio para depois capacita-la, entre varias ferramentas, em matéria de literacia financeira”.

Bem preparadas as empresas, conclui o IMPEME, estarão mais bem capazes de  escapar do “síndrome de morte precoce” que, segundo estatísticas disponíveis, ocorre três anos depois de serem criadas.

Fonte: O Económico

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