O dólar recuperou algum terreno nesta quarta-feira, 19/06, depois que dados suaves de vendas no retalho dos EUA reforçaram as apostas de cortes iminentes nas taxas do Federal Reserve, enquanto a libra esterlina caiu antes de uma leitura sobre a inflação do Reino Unido prevista para o final do dia.
As vendas a retalho dos EUA quase não subiram em Maio e os dados do mês anterior foram revistos consideravelmente em baixa, mostraram os dados na terça-feira, 18 de Junho, sugerindo que a actividade económica permaneceu sem brilho no segundo trimestre.
Esta situação fez com que o dólar descesse imediatamente, embora as suas perdas tenham sido limitadas em relação a um cabaz de moedas, uma vez que o euro, que detém o maior peso no índice do dólar, continua a ser afectado por receios políticos em França e em todo o bloco.
O euro esteve marginalmente mais baixo em US$ 1,0736, enquanto o índice do dólar se manteve em 105,28.
“Pensávamos que as vendas a retalho nos EUA seriam fracas, e foram”, disse Joseph Capurso, diretor de economia internacional e sustentável do Commonwealth Bank of Australia (CBA).
“As coisas estão finalmente a deteriorar-se. Parecia que o consumidor dos EUA nunca iria abrandar, mas parece que foi exatamente isso que aconteceu agora”.
Os mercados estão agora a prever uma probabilidade de 67% de o Fed começar a flexibilizar as taxas em setembro, de acordo com a ferramenta CME FedWatch, com quase 50 pontos base de cortes previstos para o resto do ano.
A libra esterlina caiu 0,02% para US$ 1,2706 antes dos dados de inflação do Reino Unido na quarta-feira, que vem antes de uma decisão política do Banco da Inglaterra (BoE) na quinta-feira, 13 de Junho, onde as taxas devem permanecer em espera.
“Por causa dos efeitos de base de um ano atrás, por causa das quedas nos preços da energia e da electricidade no Reino Unido, a manchete vai cair muito “, disse Capurso da CBA.
“Mas o que realmente interessa ao BoE e aos mercados é a inflação dos serviços … e o BoE disse que realmente quer que ela desça ainda mais, e isso está fortemente ligado aos salários e a um mercado de trabalho restrito.
O dólar australiano teve um desempenho notável face ao dólar, também ajudado por uma postura hawkish, abre novo separador da governadora do Banco da Reserva da Austrália (RBA), Michele Bullock, na terça-feira, 18/06, numa conferência de imprensa após a decisão do banco central sobre as taxas.
O Aussie esteve 0,12% mais alto em US$ 0,6664, estendendo seu ganho de 0,66% da sessão anterior. Enquanto isso, o dólar da Nova Zelândia caiu 0,19% para US$ 0,6133.
Em outros lugares, o iene foi pouco alterado em 157,83 por dólar, uma vez que continua a ser pressionado por diferenciais de taxa de juros entre o Japão e os EUA, em particular.
As actas da reunião de política do Banco do Japão (BOJ) de Abril, nesta quarta-feira, 19/06, mostraram que os decisores políticos debateram o impacto que um iene fraco poderia ter sobre os preços, embora a publicação tenha feito pouco para movimentar o mercado, com os investidores a olharem para a próxima reunião do BOJ em Julho.
O Governador do BOJ, Kazuo Ueda, disse na terça-feira que o banco central poderia aumentar as taxas de juro no próximo mês, dependendo dos dados económicos disponíveis na altura.
“As perspectivas do banco para o crescimento económico e as pressões sobre os preços sugerem, na nossa opinião, que uma maior normalização da política está no horizonte”, afirmaram os economistas do Wells Fargo numa nota sobre o BOJ.
“No entanto, o facto de não terem introduzido alterações significativas nas suas políticas desde a subida da taxa directora em Março, e de estarem a adoptar uma abordagem lenta no processo de redução das aquisições de obrigações, sugere-nos que as próximas alterações de políticas serão implementadas de forma gradual.”
Fonte: O Económico
