Dívida pública global atinge recorde de US$ 97 trilhões em 2023, ONU pede acção

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A ONU revela que 769 milhões de africanos vivem em países onde os pagamentos de juros da dívida superam os investimentos na educação ou na saúde – áreas críticas para o desenvolvimento humano.

Num novo relatório divulgado em 4 de Junho, as Nações Unidas soaram o alarme sobre a escalada do peso da dívida para a prosperidade global.

Intitulado “ Um mundo de dívida 2024: Um fardo crescente para a prosperidade global ”, o relatório destaca o aumento sem precedentes da dívida pública – compreendendo empréstimos internos e externos dos governos– que atingiu um pico histórico de 97 biliões de dólares em 2023, um aumento notável de US$ 5,6 trilhões em relação a 2022.

Particularmente em África, as economias vacilantes na sequência de múltiplas crises globais resultaram num peso da dívida mais pesado. O número de países africanos com rácios dívida/PIB acima de 60% aumentou de 6 para 27 entre 2013 e 2023.

Entretanto, o reembolso da dívida tornou-se mais dispendioso e isto está a afectar desproporcionalmente os países em desenvolvimento.

Em 2023, os países em desenvolvimento pagaram 847 mil milhões de dólares em juros líquidos, um aumento de 26% em relação a 2021. Contraíram empréstimos internacionais a taxas duas a quatro vezes superiores às dos EUA e seis a 12 vezes superiores às da Alemanha.

De acordo com a ONU, o rápido aumento dos custos dos juros está a limitar os orçamentos dos países em desenvolvimento. Actualmente, metade desses países destina um mínimo de 8% das receitas do governo para o serviço da dívida, um número que duplicou nos últimos dez anos.

Além disso, em 2023, um número histórico de 54 nações em desenvolvimento, quase metade delas em África, dedicaram um mínimo de 10% dos fundos governamentais ao pagamento de juros da dívida.

Com a intensificação da crise, tornam-se urgentes ações para limitar o aquecimento global a 1,5°C. Apesar desta urgência, os países em desenvolvimento estão actualmente a atribuir uma proporção maior do seu PIB ao pagamento de juros (2,4%) do que a iniciativas climáticas (2,1%). A dívida está a limitar a sua capacidade de enfrentar as alterações climáticas.

O relatório revelou que 3,3 mil milhões de pessoas residem em países onde os pagamentos de juros excedem os gastos com educação ou saúde.

Em África, a despesa média de uma pessoa com juros (70 dólares) ultrapassa a da educação (60 dólares) e da saúde (39 dólares) per capita. Um número impressionante de 769 milhões de africanos vive em países onde os pagamentos de juros superam os investimentos na educação ou na saúde, representando quase dois terços de toda a população.

Apelo à acção para financiar o desenvolvimento sustentável

O relatório propôs um plano para renovar o sistema financeiro global e impulsionar o pacote de estímulo dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU para enfrentar a actual crise da dívida.

Isso implicará esforços para:

Fonte: O Económico

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