Próximos 25 anos serão decisivos para as economias mais pobres do mundo

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Sem uma mudança de rumo, 20 dos 26 países mais pobres do mundo permanecerão nesta condição até 2050, alerta uma nova análise do Banco Mundial. Estes países, que albergam mais de 40% da população mundial a viver com menos de 2,15 dólares por dia, enfrentam desafios persistentes que bloqueiam o progresso para o estatuto de economias de rendimento médio.  

Nos últimos 25 anos, os avanços foram mínimos para este grupo de países, segundo o relatório Perspectivas Económicas Globais do Banco Mundial, a ser publicado em 14 de Janeiro de 2025. Em contraste, desde o início do século XXI, 39 países, incluindo Índia, Indonésia e Bangladesh, ascenderam ao estatuto de rendimento médio, enquanto os restantes, como Sudão do Sul e Síria, permanecem estagnados, com um crescimento anual médio do PIB per capita inferior a 0,1% nos últimos 15 anos.

Contudo, os próximos 25 anos são apontados como uma oportunidade crucial para reverter este cenário.

O relatório Perspectivas Económicas Globais, a ser publicado em 14 de Janeiro de 2025, sublinha que, enquanto 39 países anteriormente classificados como economias de baixo rendimento ascenderam ao estatuto de rendimento médio nas últimas décadas, os restantes ficaram para trás. Entre os factores que dificultam o progresso estão conflitos persistentes, vulnerabilidade climática, fraco crescimento económico e elevado endividamento.

Os 26 países classificados como economias de baixo rendimento enfrentam dificuldades de uma magnitude sem precedentes. Dezassete destes países sofrem com conflitos armados ou instabilidade política, registando taxas de mortalidade 20 vezes superiores às de outras economias em desenvolvimento. Além disso, quase todos enfrentam riscos climáticos graves, como secas, inundações e tempestades, que agravam a pobreza e destroem infraestruturas cruciais. Metade destas nações é sem saída para o mar, o que limita o acesso ao comércio global e reduz as oportunidades de crescimento económico. A combinação de factores como o isolamento geográfico, a fragilidade institucional e os elevados níveis de dívida restringe as suas capacidades de implementar reformas transformadoras.

Apesar das adversidades, as economias de baixo rendimento possuem vantagens naturais e demográficas que podem impulsionar o progresso económico. Estas nações detêm mais de 60% das reservas globais conhecidas de cobalto e 50% de grafite, metais essenciais para a transição energética global. Adicionalmente, possuem um dos maiores potenciais de geração de energia solar no mundo, um recurso subexplorado que pode transformar a sua competitividade económica. Experiências bem-sucedidas, como as do Nepal e do Ruanda, mostram que o progresso é possível. O Nepal superou uma guerra civil através de reformas políticas e económicas, quadruplicando o seu rendimento per capita e alcançando o estatuto de rendimento médio em 2019. O Ruanda, após o genocídio de 1994, adoptou políticas de estabilização económica, incentivo ao empreendedorismo privado e investimento no turismo, aproximando-se rapidamente de se tornar uma economia de rendimento médio.

O relatório do Banco Mundial sublinha que a saída da pobreza extrema exige reformas profundas e coordenadas. A estabilização política é essencial para promover a paz e criar as bases para o crescimento económico. A gestão eficiente de recursos naturais, como minerais e energia solar, pode transformar estas economias em actores-chave no mercado global de transição energética. Investimentos em infraestruturas de transporte e energia são igualmente críticos para facilitar a integração regional e o comércio internacional. Além disso, melhorias no acesso à educação e saúde são fundamentais para capacitar a força de trabalho e impulsionar a produtividade.

Reformas económicas que criem um ambiente de negócios estável e atractivo podem atrair investimentos privados e acelerar o crescimento. Estas medidas devem ser acompanhadas por esforços da comunidade internacional, incluindo alívio da dívida e assistência técnica e financeira, para apoiar estas economias no cumprimento das suas metas de desenvolvimento. Indermit Gill, Economista-Chefe do Banco Mundial, destaca que “os próximos 25 anos são uma janela crítica para as economias mais pobres”. Ele salienta que o progresso requer não apenas políticas internas eficazes, mas também um compromisso renovado da comunidade global. Ayhan Kose, Vice-Chefe do Banco Mundial, reforça a necessidade de acção urgente, afirmando que “o combate à pobreza extrema não será vencido até que seja vencido nos 26 países mais pobres”.

Embora o caminho à frente seja desafiador, os próximos 25 anos oferecem uma oportunidade única para as economias mais pobres saírem da pobreza extrema e ingressarem no grupo de países de rendimento médio. Com reformas estruturais robustas, apoio internacional e aproveitamento estratégico dos seus recursos naturais e demográficos, estas nações podem alcançar um futuro de maior prosperidade e estabilidade. O sucesso deste esforço depende de uma visão partilhada e de acções concretas que transformem desafios em oportunidades, garantindo que nenhum país seja deixado para trás no caminho para o desenvolvimento global.

Fonte: O Económico

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