José Mourinho acredita que a ´administração Friedkin´, um grupo financeiro americano que é dono da Roma, não entende de futebol. Se eles entendessem, não o teriam demitido. Em um artigo para no ´Football.com´, ele deixou esta ´mensagem´ para o seu ex-clube e, ao mesmo tempo, pareceu garantir que não assinará com nenhum clube da Arábia Saudita.
O melhor é ler diretamente as suas declarações. Este é o texto completo, datado de 12 de fevereiro – por isso ele fala no futuro das oitavas de final da Liga dos Campeões, que já começaram; no entanto, as suas considerações continuam interessantes:
“As competições europeias estão prestes a começar, especialmente a Liga dos Campeões, talvez a competição mais importante do mundo no calendário. Eu não estarei lá para as fases finais, não porque fui eliminado, mas porque fui ´eliminado´ por alguém que sabe muito pouco sobre futebol. Assim é a vida, cheia de altos e baixos, e estou em um momento de alta apesar de uma demissão que foi tão inesperada quanto injusta. Mas eu voltarei, com ainda mais vontade e confiança, para esses jogos da UEFA.
Participei de muitos jogos e cheguei a muitas finais. São jogos realmente especiais para nós como treinadores, para os torcedores e, é claro, para os jogadores. Portanto, tenho experiência e conhecimento suficientes para saber como avançar mesmo quando temos adversários com muito mais potencial do que nós.
Neste momento, sempre tenho em mente: no primeiro jogo, você joga para ganhar; no segundo, você sabe o que precisa para passar para a próxima fase – ganhar por um gol, empatar ou até mesmo perder por um ou dois gols. E as eliminatórias são gerenciadas com base nisso.
Claro, é essencial conhecer bem o seu adversário, estudá-lo, analisar as suas forças e fraquezas, para ver como eles se saem quando jogam em casa ou fora, para ver como reagem quando o resultado está contra eles. Este conhecimento permite que você elabore a estratégia adequada e forneça aos jogadores todas as informações essenciais para que saibam o que enfrentarão quando estiverem em campo.
Como já escrevi, sempre vou para o primeiro jogo pensando em ganhar, como no Inter-Barcelona de cerca de 15 anos atrás, que terminou com a minha equipe vencendo por 3 a 1. Na segunda partida no Camp Nou, com Thiago Motta expulso antes do minuto 30, joguei para conseguir o que precisava: perder por, no máximo, um gol. Perdemos por 1 a 0, mas alcançamos o nosso objetivo: chegar à final. E vencemos!
E, quando se trata de alcançar um objetivo, qualquer estratégia ou tática é válida e eu não tenho problema em usá-las. É uma questão de inteligência e não devemos nos preocupar com os autoproclamados ´comentaristas´ que dizem: ´Ah! Mourinho estacionou o ônibus e colocou Eto´o na lateral direita…´.
Sim, eu fiz isso, mas joguei com dez contra onze e fizemos um jogo defensivamente espetacular contra Piqué, Xavi, Busquets, Ibrahimovic e Messi. Em outras palavras, foi uma estratégia inteligente.
De qualquer forma, isso tem que mudar quando o resultado do primeiro jogo é diferente, especialmente se você perder. Então, você tem que ponderar o que tem e pensar no resultado global quando a segunda partida terminar. Muitas vezes, reviso o primeiro jogo, tento ver os meus erros e os da equipe como um todo, penso no que fiz ao preparar aquele jogo e no que tenho que fazer no segundo jogo para voltar a focar no objetivo de passar para a próxima fase. E preparamos os jogadores para isso porque eles estão motivados pelo simples fato de jogarem uma competição tão importante.
Vou dar outro exemplo de quando treinei o Chelsea. Em 2005, perdemos o primeiro jogo na Catalunha por 2 a 1. Eu tinha que encontrar uma maneira de superar um Barcelona forte, mas sabia o que precisava fazer para mandar Puyol, Deco, Xavi, Iniesta e Ronaldinho para casa. E, assim como eu e os jogadores sabíamos, vencemos por 4 a 2 e passamos para a próxima fase.
Parece simples, não é?
José Mourinho”.
Fonte: Besoccer
