Maior mina de rubis de Moçambique retoma actividades após tensão pós-eleitoral

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A Montepuez Ruby Mining (MRM), que opera a maior mina de rubis de Moçambique, retomou as actividades após uma interrupção iniciada em 24 de Dezembro de 2024, motivada pelos conflitos decorrentes das tensões pós-eleitorais no país. Em comunicado à Lusa, a Gemfields, que detém 75% da MRM, confirmou que “a actividade mineira está a decorrer e que a situação nas comunidades vizinhas da mina parece calma”, acrescentando que continuam “vigilantes e esperançosos na paz em Moçambique”.

Violência e impacto nas operações

A suspensão das actividades na mina, localizada na província de Cabo Delgado, foi provocada pela deterioração das condições de segurança. No dia 24 de Dezembro, mais de 200 pessoas tentaram invadir a vila da MRM, resultando em destruição e incêndios em várias estruturas. Durante a intervenção das forças policiais e militares, duas pessoas perderam a vida. Este clima de insegurança também levou à deslocação temporária de cerca de 500 trabalhadores da mina.

No mesmo período, a aldeia vizinha de Wikupuri, construída pela mineradora, foi atacada por alegados manifestantes, que saquearam e destruíram diversas infra-estruturas.

Conflitos e contexto político

As tensões em Moçambique aumentaram após o anúncio dos resultados das eleições gerais de 09 de Outubro, que declararam Daniel Chapo, da Frelimo, vencedor com 65,17% dos votos. A oposição, liderada por Venâncio Mondlane, contestou os resultados, com manifestações violentas ocorrendo em várias partes do país. Barricadas, saques e confrontos marcaram este período, contribuindo para a instabilidade que afectou directamente as operações da MRM.

Contribuição económica da MRM

Desde o início das suas operações em 2012, a MRM gerou mais de mil milhões de euros em receitas. Apenas em 2023, a empresa registou uma receita de 151,3 milhões de dólares (145,1 milhões de euros) e pagou ao Estado moçambicano 53,2 milhões de dólares (51 milhões de euros) em impostos e ‘royalties’. No total, desde 2012, a contribuição ao Estado ultrapassa 257,4 milhões de dólares (246,9 milhões de euros).

A MRM é uma joint venture composta por 75% da Gemfields, uma empresa britânica, e 25% pela Mwiriti Limitada, uma empresa moçambicana. A mina de Montepuez é considerada uma das maiores fontes mundiais de rubis de alta qualidade, consolidando a posição de Moçambique como líder global na produção deste recurso.

Retomada e perspectivas

Com a calma aparentemente restabelecida, a MRM espera manter a continuidade das suas operações, reafirmando o seu compromisso com as comunidades locais e com a economia moçambicana. A empresa sublinha que continuará vigilante perante eventuais ameaças à segurança e ao ambiente de negócios, num esforço conjunto com as autoridades locais para preservar a estabilidade e a produtividade.

Fonte: O Económico

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