Renamo diz que não vai tolerar “massacres” da Polícia contra o povo

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O Partido Renamo diz que já identificou todos os agentes da Polícia que protagonizaram os baleamentos que tiraram a vida a três pessoas e feriram várias outras durante as manifestações em Nampula, nesta quarta-feira. O partido considera os baleamentos como um “massacre” e prometeu que nenhum Polícia que atirar contra as populações ficará impune.

Quarta-feira foi o primeiro dia da quarta fase dos protestos nacionais contra os resultados eleitorais, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane. Durante as primeiras horas do dia, em quase todo o país, as manifestações pareciam pacíficas, com excepção de Namicopo em Nampula, onde foram baleadas oito pessoas, das quais, três morreram e as restantes ficaram gravemente feridas.

“Em Nampula, mais de oito pessoas foram vítimas de baleamento dentro das suas residências, e hoje, igualmente, enquanto uma das crianças era levada para a sepultura, a polícia baleou todos que acompanhavam o corpo desta criança para a sua última moradia. Esses actos desumanos, macabros, de irresponsabilidade e de falta de sentimento de Estado, para nós, como Renamo, condenamos e queremos garantir que todos que estão envolvidos sejam responsabilizados”, disse Marcial Macome, porta-voz do partido.

Para a “Perdiz”, os actos protagonizados pela polícia são um massacre cometido a mando do partido Frelimo.

“A Renamo é pela paz, pela concórdia, mas não pode tolerar que o povo seja massacrado, mesmo quando o povo se manifesta pacificamente ou estando nas suas residências. Queremos chamar atenção do governo que não há memória no mundo de armas que tenham acabado com a vontade popular”, referiu.

E não matar a vontade, para a Renamo, significa respeitar o direito da manifestação, da livre circulação, do direito à integridade e, sobretudo, do direito à vida, que não foram respeitados no dia de ontem e de hoje, durante as cerimónias fúnebres de uma das vítimas onde houve mais baleamentos.

“A vontade da população é a vontade de Deus e deve ser respeitada. O povo não quer outra coisa senão viver num país com boas políticas sectoriais, que garantam a estabilidade do desenvolvimento económico do seu país. O que o povo quer é ter liberdade de escolher livremente os seus dirigentes e ser respeitada a sua vontade. Quando o povo se apercebe que o seu voto é desviado, tem, sim, o direito de se manifestar”.

Também a Renamo alerta que o povo não só se manifesta contra os resultados eleitorais, como também defende melhores condições para o próprio Polícia.

“Este povo manifesta-se também pelas condições laborais e salariais desta mesma polícia, que hoje é obrigada a disparar contra os seus próprios irmãos”, sublinhou.
A Renamo diz que não há dúvidas de que a Polícia tem sido orientada para “massacrar” a população, uma vez que, em Quelimane, sob orientação do edil, Manuel de Araújo, foi realizada uma marcha de 47 dias, mas não houve qualquer queixa de violência ou vandalismo. Entretanto, ontem, o edil e seus apoiantes, depois de terem emitido um pedido para uma marcha pacífica, foram impedidos com disparos.

“O que aconteceu, ontem, em Quelimane, onde as populações marchavam com o cabeça de lista, Manuel de Araújo, constitui uma demonstração clara de que o problema, em todo o país, não está com os manifestantes, mas, sim, com a Polícia que recebe ordens de um partido para que de tudo faça para impedir que os manifestantes gozem do seu direito constitucional e buscam puxar-nos para o monopartidarismo contra o qual lutamos’’, acusou.

Assim, a conclusão do partido é de que “houve uma irresponsabilidade da polícia e precisa ser responsabilizada criminalmente e isto não iremos deixar passar. Estão identificados os que protagonizaram essas agressões contra as populações indefesas, pelo que, a Renamo e seu presidente, de tudo farão para colocar esses que mataram as populações nos tribunais nacionais e internacionais”, sustentou.

A Renamo, por fim, reafirmou que as manifestações só vão parar quando a “verdade eleitoral” for reposta.

“O Povo exige e continua a exigir a verdade eleitoral, o direito à circulação, o direito a uma saúde justa, e, por isso, não vemos motivos para que ele seja apedrejado. O Povo reivindica a liberdade do voto, condição ideal para garantir a democracia multipartidária”.

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