Brazão Mazula diz que houve falta de vontade política para tornar o processo eleitoral transparente

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Brazão Mazula diz que a Comissão Nacional de Eleições foi precipitada e politicamente ingénua ao divulgar os resultados das eleições sem corrigir as irregularidades. O antigo Presidente da CNE fala de falta de vontade política para tornar o processo eleitoral transparente e propõe que, no órgão, os políticos sejam substituídos por juízes e advogados.

São 60 minutos de uma grande entrevista em que o antigo presidente da Comissão Nacional de Eleições analisa a crise pós-eleitoral com o olhar de quem já dirigiu a máquina de administração eleitoral em Moçambique. 

“Eu diria que a CNE se apressou e foi também politicamente ingénua na divulgação dos resultados com os quais não concordava. Este é um grande erro da CNE”, disse Brazão Mazula. 

Outro erro que aponta para o nosso sistema eleitoral é o tempo de divulgação dos resultados finais. Mazula questionou porque Moçambique tem que ser o único a levar muito tempo para contar os votos. 

“A contagem dos votos é um processo matemático e técnico. Estamos a contar desde o dia 9 do mês passado. Hoje são 12, mais de um mês, e ainda temos de esperar mais 20 dias”, disse. 

O antigo presidente da CNE disse ainda que houve propostas de solução para reduzir o tempo de contagem dos votos, mas a resposta não foi positiva. 

“Numa das eleições passadas, não digo estas, não vou dizer qual, em que esteve algum tempo um representante, o chefe da observação da Commonwealth. Porque olha, a Commonwealth poderia apoiar Moçambique para tecnicamente reduzir o tempo de contagem de votos. Sabe qual foi a resposta que lhe foi dada? O nosso processo não é técnico, é político. O que é que isto significa? Significa que se for técnico, daqui a dois ou três dias teremos os resultados. Mas é político fazer jogadas. Hoje a juventude fala de boladas”, explicou. 

Brazão Mazula é da opinião de que Moçambique deve aprender com esta crise pós-eleitoral e mudar de vez a composição da Comissão Nacional Eleitoral.

“A composição da CNE deve provir da magistratura judicial e da ordem dos advogados. O sistema judicial e a ordem dos advogados deveriam compor a CNE…Porque é uma carreira ou uma profissão que está obrigada a estar isenta de julgamentos”. 

Também ex-reitor da Universidade Eduardo Mondlane, Brazão Mazula, falava durante o programa Grande Entrevista da STV.

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