Muchanga defende anulação de eleições de 9 de Outubro

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O CABEÇA-DE-LISTA da Renamo ao cargo de governador da província de Maputo, António Muchanga, afirma que a anulação das eleições presidenciais, legislativas e das assembleias provinciais realizadas no passado dia 9 de Outubro é a solução ideal para acabar com o impasse político que, na sua óptica, é actualmente vigente no país.

Muchanga entende ainda que o processo de votação deste ano foi marcado por diversas irregularidades que contrariam o princípio de eleições livres, justas e transparentes apregoado pelos órgãos de gestão e administração eleitoral, mormente a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE).

“As eleições não foram transparentes, não foram livres e nem justas. Ninguém percebe como é que perdeu nem de onde veio o vencedor. Então, anular seria a solução para acabarmos com toda a confusão e trabalharmos novamente para encontrar novas pessoas que possam dirigir os órgãos eleitorais e fazermos umas coisas limpas”, comentou o antigo porta-voz desta formação política.

Questionado sobre o impacto que a anulação e posterior repetição do escrutínio poderia trazer para o país, António Muchanga referiu que o dinheiro não tem mais valor do que o “sangue das pessoas que estão a morrer nas manifestações” em nome do protesto contra os resultados eleitorais.

Sublinha também que a harmonia que daí poderá advir ajudaria a sanar as feridas que estão a abrir-se devido às crescentes diferenças de ideias sobre os resultados eleitorais.

O político e deputado da Assembleia da República pela bancada parlamentar da Renamo considera também que o seu posicionamento vai de acordo com aquilo que fariam outras nações que, à semelhança de Moçambique, primaram pelo Estado de Direito Democrático, que é, definitivamente, reconhecer os erros cometidos e mandar repetir o processo… mas com novos actores nos órgãos eleitorais.

Sobre uma possível saída à tensão pós-eleitoral, Muchanga afirma que as manifestações e paralisações registadas desde o dia 21 de Outubro tornar-se-ão um modo de vivência no país, consolidando-se, dia após dia e com estragos cada vez maiores, pelo que, aconselha, a solução passa pela nulidade do processo.

“Se as eleições não forem anuladas, de hoje em diante, em Moçambique, qualquer dia, quando alguém entender vai fechar a estrada. Então aí ninguém há-de vir investir o seu dinheiro aqui. Mesmo quem cá está nunca fará novos investimentos senão vender a empresa e levar o dinheiro para um outro lugar mais seguro”, alertou.

Relativamente à validação e proclamação dos resultados pelo Conselho Constitucional, disse não estar expectante de algo diferente, olhando para aquilo que foi o cenário decorrente das últimas eleições autárquicas, em que viu as suas expectativas goradas diante de recursos submetidos, nos quais alegava irregularidades.

“Eu  acredito que o Conselho Constitucional não vai fazer diferente daquilo que fez no ano passado, invertendo resultados para dar vitória para quem não merece, mesmo diante de provas bastantes”, argumentou.

Foto: Arquivo

Fonte: Jornal Noticias

 

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