Mercado global de petróleo enfrenta um excesso de milhões de barris no próximo ano – AIE

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Os mercados globais de petróleo enfrentarão um superávit de mais de 1 milhão de barris por dia no ano que vem, devido à fraca demanda da China, o que deverá proteger os preços contra a volatilidade associada à instabilidade no Oriente Médio e outras regiões, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).

A demanda chinesa por petróleo, que foi um dos principais motores do mercado global nas últimas duas décadas, contraiu-se por seis meses consecutivos até Setembro e, em 2024, crescerá a uma taxa de apenas 10% em comparação com o ano anterior, afirmou a AIE no seu relatório mensal. A situação poderá agravar-se caso a OPEP+ decida retomar a produção interrompida, ao se reunir no próximo mês.

Segundo Toril Bosoni, chefe de Indústria e Mercados de Petróleo da AIE, “é possível que a demanda por petróleo da China tenha atingido o seu pico”. Ele explica que além da desaceleração económica e da retração no setor da construção, o crescimento da demanda chinesa tem sido enfraquecido pela transição para veículos eléctricos, trens de alta velocidade e o uso de gás no transporte rodoviário.

A prolongada fraqueza na demanda chinesa ajudou a conter o preço do petróleo bruto, que caiu 11% desde o início de outubro, mesmo com as tensões em curso entre Israel e o Irã. A AIE observou que o mercado poderá estar “bem abastecido em 2025”, com o Brent sendo negociado a cerca de 72 dólares por barril.

Em termos globais, a demanda por petróleo deverá aumentar em 920.000 barris por dia em 2024 — metade do ritmo observado em 2023 — para uma média de 102,8 milhões de barris por dia. No próximo ano, o crescimento projetado é de 990.000 barris por dia. Estes valores reflectem uma economia global em condições abaixo da média e o fim da demanda reprimida após a pandemia. Adicionalmente, o avanço das tecnologias de energia limpa está a reduzir o consumo de petróleo no setor dos transportes e na geração de energia.

Com o arrefecimento da demanda, espera-se que a oferta de países produtores, como EUA, Brasil, Canadá e Guiana, aumente em 1,5 milhão de barris por dia em 2024 e 2025. Assim, o abastecimento mundial deverá superar a demanda em mais de 1 milhão de barris por dia, mesmo que a OPEP+ não restabeleça toda a produção interrompida.

A OPEP e seus aliados vêm tentando retomar a produção desde 2022, mas foram forçados a adiar os aumentos devido à fragilidade do mercado. Está previsto um aumento modesto de 180.000 barris por dia para Janeiro, e uma reunião será realizada a 1º de Dezembro para reavaliar a estratégia. A previsão da OPEP de crescimento da demanda, de 1,8 milhão de barris por dia, é significativamente superior à da AIE e das projeções de outros observadores de mercado.

Fonte: O Económico

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