Villas-Boas mexeu com o Benfica

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Rui Costa vive momento frágil e terá de reagir para evitar que se fale já nas eleições

Não foi por acaso que os pedidos de demissão a Rui Costa e à sua estrutura se intensificaram precisamente quando o presidente do Benfica enumerava, na AG de sábado, os títulos conquistados nas várias modalidades, defendendo que nem tudo está mal e que «já chega todos os que nos querem abater», numa alusão a adversários externos que ficaram por identificar. Depois de submeter «um orçamento ambicioso» à aprovação dos sócios, Rui Costa não se atreveu a falar numa boa época, como Schmidt, mas pensou que aliviaria a tensão com contas simpáticas e vitórias além da equipa de futebol sénior masculino.

Enganou-se, portanto. Como se tinha enganado na reação provocada pela divulgação da auditoria forense que tinha prometido aos benfiquistas, no fim de uma semana muito atribulada, com a saída de Luís Mendes, e na véspera deste dia em que os sócios – seja qual for o clube – podem falar livremente com os dirigentes que passam o restante tempo escudados em departamentos de comunicação – e silêncios. O documento apontava claramente que não foi encontrada «nenhuma situação em que a SAD tenha sido diretamente lesada por qualquer um dos seus representantes» e, portanto, parecia que o assunto ficava resolvido. Só que 208 páginas de leitura não são muito para um sócio disposto a passar um dia em duas AG’s e os detalhes expostos de tanta transferência e contrato, com jogadores de que ninguém se lembra, dinheiro em contas pessoais e comissões intermináveis foram a acendalha que Rui Costa dispensava.

Feitas as contas, o presidente falhou no discurso, falhou na antevisão deste momento e, já agora, também falhou no fim da noite, quando voltou para trás e tentou responder à revolta dos sócios mais barulhentos. Vê-lo ali, sozinho e cansado, a ouvir gritos de todo o lado e a defender-se como podia, não foi o ato de coragem que provavelmente pensou que ia ser. Após mais de 70 intervenções com críticas à atual direção, o sinal estava dado e tudo o que Rui Costa devia ter feito era ir para casa, escolher o substituto de Luís Mendes rapidamente, preparar a próxima época melhor do que esta e afastar-se da conotação vieirista que o perseguirá até não sabemos quando. As eleições são só em outubro de 2025 – e o próximo título de campeão pode decidi-las -, mas estas AG’s mostraram que há pelo menos um eventural futuro candidato a preparar-se.

Daí o título deste artigo de opinião. Noronha Lopes foi derrotado em 2020 por Vieira, mas nessa altura os benfiquistas ainda não tinham noção que qualquer poder instalado pode cair com uma boa campanha e a democracia a funcionar. Os cofres do Benfica não sofrem como os do FC Porto, mas os sócios já não ficam satisfeitos com contagem de títulos, ataques para fora e auditorias como esta de véspera, que saem tão ao lado quanto a renovação de um treinador à pressa.

Fonte: A Bola

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