Nações africanas apresentaram, na 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29) está a decorrer em Baku, Azerbaijão, de 11 a 22 de Novembro de 2024, uma agenda climática comum, destacando a disparidade entre o impacto que o continente sofre e os recursos financeiros que recebe. Actualmente, África recebe apenas 1% do financiamento climático global anual, valor insuficiente para implementar ações de mitigação e adaptação efectivas.
Durante a conferência, os líderes africanos reiteraram que o desenvolvimento sustentável do continente e a adaptação às mudanças climáticas estão directamente relacionados ao acesso a esses fundos. Defendem que a COP29 seja uma plataforma para reverter essa disparidade, mobilizando grandes volumes de financiamento que possam ser utilizados para promover o desenvolvimento sustentável e resiliente das economias africanas.
Soluções de financiamento e as perspectivas para a África
Além de solicitar mais financiamento, os países africanos têm discutido soluções inovadoras que não envolvem o endividamento adicional. Investimentos em soluções naturais baseadas em ecossistemas, como florestamento e restauração de mangais, foram fortemente incentivados, visto que oferecem benefícios adicionais, como a protecção de biodiversidade e o suporte a comunidades locais. Há também o interesse de investidores estrangeiros em financiar projectos de transição energética em países com grande potencial para energia solar e eólica, uma das prioridades para muitos líderes presentes.
A luta por justiça climática continua
Para muitos africanos, o conceito de justiça climática transcende as negociações em Baku. Ele se baseia no princípio de que aqueles que menos contribuíram para a crise climática não devem ser os mais penalizados por ela. Essa visão impulsiona as lideranças africanas na busca por um sistema de financiamento climático mais justo e inclusivo, que reconheça as necessidades e os direitos das nações africanas.
À medida que a COP29 avança, a posição da África como uma voz importante nas negociações climáticas fica mais evidente. O continente não apenas busca o reconhecimento de seus desafios, mas exige compromissos e resultados concretos que permitam uma resposta eficaz e equitativa às mudanças climáticas. A luta por justiça climática é, acima de tudo, uma luta pela sobrevivência, dignidade e pelo futuro de milhões de africanos que vivem na linha de frente da crise climática.
A COP29 se encerra, mas o movimento pela justiça climática na África ganha novo fôlego e urgência, representando uma das principais demandas para as futuras conferências climáticas.
Fonte: O Económico