Antecipar receitas de forma sistemática e até leviana não é pensar no bem comum do FC Porto
Nos últimos anos a SAD do FC Porto obteve o grosso das suas receitas operacionais através dos prémios da Liga dos Campeões. E não bastava chegar à Champions: era preciso, no mínimo, atingir os oitavos de final da maior prova da UEFA para evitar a implosão das contas. O FC Porto arrecadou mais de €63,5 milhões na edição 2023/24 da Liga dos Campeões.
No final de agosto de 2023 transferiu Otávio para o Al Nassr por €60 milhões, recolhendo uma mais-valia recorde de €39,6 milhões com reflexos no exercício de 2023/2024. Em fevereiro de 2024, a SAD concretizou uma operação que lhe permitiu antecipar receitas televisivas e receber €54,3 milhões que serviram para pagar mais dívida e mascarar o Relatório e Contas do primeiro semestre de 2023/24.
Chega o executivo de Villas-Boas a esta fase da época sem dinheiro para assumir compromissos imediatos porque os milhões nem chegaram a pousar nos cofres da instituição. A antecipação da segunda tranche de €19 milhões pagos pelo Al Nassr pela transferência de Otávio foi a mais recente surpresa da herança deixada por Pinto da Costa. Haverá mais no futuro, porque percentagens dos direitos económicos de alguns jogadores (Zaidu , Evanilson, João Mário, Diogo Costa e Pepê) foram dados como garantias para o FC Porto se financiar.
A 15 de julho os dragões terão de cumprir os pressupostos exigidos no próximo controlo financeiro da UEFA e a conclusão é óbvia: a solução para todos os males do FC Porto, na ótica da anterior direção, era continuar antecipar receita e refinanciar a SAD para ganhar liquidez e (supostamente) baixar os juros. O facto de este ser um caminho estreito para quem sucedesse a PC não vinha ao caso. Nunca foi um plano a pensar no bem comum e muito menos a pensar numa derrota nas urnas.
Fonte: A Bola