O Governo do Zimbabwe retomará até ao final deste mês as negociações com credores internacionais com o objectivo de reestruturar a dívida externa, que actualmente alcança 21 mil milhões de dólares. Desde 1999, que o Zimbabwe está em situação de incumprimento, o que determinou a exclusão do País dos mercados internacionais de capitais, deixando o Zimbabwe numa posição economicamente vulnerável. O Ministro das Finanças, Mthuli Ncube, descreveu a dívida como um “peso significativo” sobre a economia, e enfatizou que sua reestruturação é essencial para que o país recupere a credibilidade no cenário econômico global.
Apoio internacional e consultoria técnica
Para lidar com o peso da dívida, o Zimbabué tem buscado apoio de líderes internacionais e consultorias especializadas. Em 2022, o governo solicitou a ajuda de Akinwumi Adesina, Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), e de Joaquim Chissano, ex-presidente de Moçambique, para liderar as negociações com credores importantes como o Banco Mundial, o Clube de Paris e o Banco Europeu de Investimento. Através do Mecanismo de Apoio Jurídico Africano, o País contratou também empresas de consultoria para fornecer aconselhamento jurídico e assistência técnica, uma preparação que visa garantir maior eficácia nas negociações.
Missão do FMI e reestruturação Fiscal
Segundo informações da Reuters, o Zimbabwe espera a visita de uma missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) neste mês, buscando um novo Programa de Monitorização de Pessoal. Esse programa é um passo essencial para a formalização da proposta de reestruturação da dívida, que exigirá comprometimento com reformas fiscais e disciplina orçamental para reconquistar a confiança dos credores. De acordo com dados oficiais, a dívida externa total do país é de 12,3 mil milhões de dólares, enquanto a dívida interna não paga soma 8,7 mil milhões de dólares.
Impactos e alternativas de reestruturação
A Bloomberg destaca que o Zimbabwe deve 9,4 mil milhões de dólares a credores multilaterais e bilaterais, sendo 78% deste valor composto por penalizações e juros em atraso. Uma possibilidade que está sendo avaliada pelos credores é a troca de parte da dívida por investimentos em projetos climáticos, seguindo um modelo já implementado em países como Barbados e Gabão. Esta estratégia inovadora permitiria reduzir o valor da dívida e, ao mesmo tempo, financiar iniciativas sustentáveis no Zimbabwe.
Desafios e Importância da Reestruturação
A reestruturação da dívida é um passo crucial para que o Zimbabwe recupere o acesso aos mercados de capitais e possa atrair novos investimentos. Desde a inclusão de 3,5 mil milhões de dólares em compensações a antigos proprietários agrícolas e 3,7 mil milhões de dólares em responsabilidades do banco central, a dívida pública disparou, criando um quadro fiscal desafiador. O Zimbabwe espera que um acordo com os credores possa aliviar parte desse peso e pavimentar o caminho para um crescimento econômico mais estável e sustentável.
A retomada das negociações com credores representa uma oportunidade para o Zimbabwe restaurar sua posição no cenário internacional e construir uma base mais sólida para a economia. No entanto, o processo envolve complexidades e compromissos que exigirão a implementação de reformas significativas e o apoio contínuo de instituições financeiras internacionais, como o BAD e o FMI.
Fonte: O Económico