A empresa de logística Grindrod anunciou a suspensão temporária de suas operações portuárias e de terminais em Moçambique, após o encerramento da principal fronteira entre Moçambique e África do Sul, em resposta à onda de protestos que se seguiu às eleições gerais moçambicanas. A fronteira de Lebombo foi encerrada pela autoridade sul-africana após relatos de veículos incendiados no lado moçambicano, como medida de segurança diante da violência que tem marcado as manifestações.
A suspensão das operações da Grindrod, que afecta diretamente os portos de Maputo e Matola, representa um impacto significativo para o comércio de mercadorias na região. A situação vem agravar os já frequentes problemas logísticos enfrentados pelas empresas portuárias e ferroviárias locais, que lidam com subfinanciamento e dificuldades na prestação de serviços.
Os recentes protestos, motivados pela contestação da vitória eleitoral do partido Frelimo, que governa Moçambique desde 1975, têm sido marcados por confrontos violentos e repressão, resultando na morte de pelo menos 18 pessoas, segundo grupos de defesa dos direitos humanos.
A Grindrod opera em parceria com a DP World, a Companhia Moçambicana de Caminhos-de-Ferro e a empresa moçambicana Gestores, em um consórcio que administra o porto de Maputo. O porto, que registou um recorde de movimentação de carga em 2023 — com 31,2 milhões de toneladas, principalmente de minerais como carvão, cobre, crômio e ferro crômio — vem se beneficiando do desvio de exportações da África do Sul, onde problemas de capacidade da Transnet, empresa estatal de logística, têm impactado o sector.
Esta paralisação nas operações portuárias em Moçambique, impulsionada pelos desafios fronteiriços e a instabilidade política interna, representa um novo obstáculo para o crescimento logístico e económico da região, que já enfrenta gargalos nas rotas de exportação e no sistema de transporte ferroviário.
Fonte: O Económico