Os mercados globais reagem nesta quarta-feira, 06/11, à incerteza das eleições presidenciais dos Estados Unidos, onde Kamala Harris e Donald Trump disputam um acirrado pleito. Esse cenário está a impactar directamente os preços do petróleo, que recuaram devido ao fortalecimento do dólar e às especulações sobre potenciais mudanças nas políticas energéticas dos EUA.
Nas primeiras horas do dia, o petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) dos EUA recuou 0,4%, para US$ 71,72 por barril, enquanto o Brent, referência internacional, caiu 0,46%, sendo negociado a US$ 75,18 o barril. Esses movimentos de preço reflectem a apreensão dos investidores em relação ao possível resultado eleitoral, que pode ter consequências imediatas para o setor de energia.
A queda no preço do petróleo acompanha um fortalecimento do dólar americano no mercado asiático, impulsionado pela expectativa dos investidores em relação aos primeiros resultados das eleições. Um dólar mais forte geralmente desencoraja a compra de commodities, como o petróleo, pois eleva o custo para compradores que usam outras moedas. “O petróleo provavelmente ficará vulnerável a movimentos mais amplos nos mercados, à medida que tivermos mais clareza sobre o desfecho das eleições nos EUA”, declarou o ING em uma nota separada.
Perspectivas para o sector energético sob diferentes cenários políticos
Caso Donald Trump seja reeleito, o mercado antecipa a possibilidade de uma política externa mais dura em relação ao Irão, o que poderia impactar directamente a oferta de petróleo. Sob a administração Trump, as sanções contra o Irão restringiram a produção e exportação de petróleo do País, ajudando a manter os preços globais do petróleo elevados. O ING observa que uma vitória de Trump “poderia gerar alta no curto prazo”, impulsionando preços devido à expectativa de sanções mais rígidas contra o Irão.
Em contraste, uma vitória da democrata Kamala Harris provavelmente manteria o status quo. Com sua vice-presidência actual ao lado do Presidente Joe Biden, as políticas dos EUA têm favorecido uma transição gradual para fontes de energia limpa, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis. Esse cenário poderia significar uma menor volatilidade nos preços do petróleo no curto prazo, com possíveis aumentos futuros impulsionados pela demanda de países em desenvolvimento e pela recuperação econômica global.
Repercussão nos mercados financeiros asiáticos e europeus
As bolsas asiáticas responderam com cautela aos primeiros resultados eleitorais, com futuros das acções dos EUA em alta enquanto investidores aguardavam uma indicação mais clara de quem poderiaser neleito Presidente dos EUA. Esse movimento reflecte a sensibilidade do mercado à política americana, já que uma vitória de Trump ou Harris traria abordagens distintas para as relações internacionais e o setor energético.
Para o chefe de estratégia de commodities do ING, Warren Patterson, o momento actual exige cautela, e as variações de preço devem permanecer ligadas à volatilidade do dólar. “O petróleo está caindo devido à alta do dólar americano esta manhã. Estamos num período em que qualquer notícia sobre as eleições pode gerar movimentos de mercado”, observou Patterson.
Análise do cenário económico e potenciais repercussões globais
A evolução das eleições americanas será observada de perto pelos analistas de mercado, dado seu impacto nas expectativas de crescimento económico global. Tanto as políticas de estímulo económico quanto as de combate à inflação serão fundamentais para a recuperação económica dos EUA, com repercussões para o crescimento de outros países. Uma eventual reeleição de Trump poderia significar uma continuidade em cortes de impostos e incentivos à produção nacional, enquanto Harris tenderia a manter o foco em sustentabilidade e responsabilidade fiscal.
Os desdobramentos das eleições americanas nos próximos dias certamente continuarão a influenciar os mercados, com destaque para o setor de energia e as políticas ambientais. Investidores e economistas permanecem atentos à direção que a política americana tomará, compreendendo que o próximo presidente poderá moldar não apenas o futuro econômico dos EUA, mas também o equilíbrio do mercado energético global.
Fonte: O Económico