Exportações de bens devem crescer 4% na América Latina este ano, diz Cepal

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As exportações de bens e serviços da América Latina e do Caribe devem seguir crescendo este ano. Os setores com maior aumento em termos de valor são exportações agrícolas com 11%, de minério e petróleo com 5% e os manufaturados com 3%.

As projeções constam do relatório “Perspectivas do Comércio Internacional da América Latina e do Caribe”, divulgado nesta semana.

China, Estados Unidos e União Europeia

O levantamento é feito pela Comissão Econômica das Nações Unidas para a região, Cepal. O aumento das exportações de bens será de 4%. Uma melhora em comparação a 2023, que registrou uma queda de 1% por causa da contração do comércio global.

O documento foi apresentado pelo líder da Cepal, José Manuel Salazar-Xirinachs,

As maiores altas serão feitas no Caribe com um aumento de 23% seguido pela América do Sul com 5%. No setor de petróleo, o desempenho se deve ao aumento dos envios da commodity feitos por Guiana e Suriname.

A América do Sul concentra avanços no volume exportado de produtos agrícolas como soja, milho e trigo. Já México e América Central com exportações de manufaturados devem ter um aumento de 2% e 1%, respectivamente.

Dentre os maiores parceiros comerciais da região estão China, Estados Unidos e União Europeia.  A expectativa da Cepal é de que o comércio intrarregional caia de 14% no ano passado para 13% este ano.

Praia de Ipanema, Rio de Janeiro, Brasil. Turismo e serviços digitais alavancam a subida nas exportações de serviços
OMM/Bruno Ipiranga

Praia de Ipanema, Rio de Janeiro, Brasil. Turismo e serviços digitais alavancam a subida nas exportações de serviços

Turismo e serviços digitais puxam subida na pauta de serviços

O maior desempenho é no setor de exportações de serviços que seguem crescendo a dois dígitos pela quarta vez consecutiva. A expectativa do bloco é de 12% para este ano. Aqui, o turismo e os serviços digitais alavancam a subida.

Mas a Comissão também alerta para desafios como a necessidade de diversificar a pauta de exportação latino-americana, um problema ainda maior no contexto mundial com tensões geopolíticas e aumento do protecionismo.

Para o secretário-executivo da Cepal, as políticas de desenvolvimento baseadas numa cooperação estreita público-privada podem ser uma maneira de avançar nessa direção e posicionar a região de forma competitiva para uma reconfiguração de suas cadeias de globais de valor.

Erradicar a fome ainda é um problema para América Latina

O segundo capítulo do relatório trata do comércio na segurança alimentar da América Latina e do Caribe. Nos últimos anos, as crises sucessivas da economia mundial têm levado a retrocessos na execução da meta 2.1 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, ODS. A meta é assegurar que até 2030, a fome seja erradicada e todas as pessoas tenham acesso a comida saudável, nutritiva e suficiente para todo o ano. Um objetivo que não deve ser alcançado facilmente.

No ano passado, a região teve 4,7 milhões a mais de pessoas que em 2019 passando fome. No Caribe, a prevalência é ainda maior: 17,2% um número que triplica a quantidade da América do Sul com 5,2% de pessoas sem ter o que comer.

Mulheres adultas, campo e cidade

A situação é pior entre mulheres adultas, a média de 2023 foi de 30,3%. Isso representa 5,2% a mais que os homens. No campo, existem 32.2% de latino-americanos que vivem em insegurança alimentar. Já na cidade, a taxa é de 26%.

A Cepal lembra que as importações ajudam a levar alimentos à população que não estão disponíveis pela produção local. No entanto, América Latina e Caribe seguem sendo a principal região exportadora de alimentos no mundo.

Em 2022, foram gerados US$ 349 bilhões em envios de alimentos ao mundo. O valor total das importações de alimentos supera 20% das exportações totais de bens e serviços em 15 países da região, e 12 deles estão no Caribe.

Uma mulher indígena e seu filho em Nariño, na Colômbia. Na América Latina, os povos indígenas estão entre os mais pobres
Opas/Karen González Abril

Uma mulher indígena e seu filho em Nariño, na Colômbia. Na América Latina, os povos indígenas estão entre os mais pobres

Acordos comerciais, conhecimento digital e de idiomas

A Cepal quer fortalecer o comércio e a segurança alimentar na região e para isso espera avançar na facilitação do mercado de alimento agilizando as inspeções nas fronteiras. A comissão também quer regulamentar medidas fitossanitárias e técnicas, harmonizar regras, melhorar a logística de comércio dos alimentos especialmente no Caribe, fortalecer a rede de acordos comerciais e coordenar o processo em fóruns multilaterais.

No ano passado, as exportações regionais de serviços chegaram a US$ 221,7 bilhões superando o nível antes da pandemia de Covid-19. Nessa área lideram turismo, transporte e serviços modernos como bens digitais.

A Cepal recomenda o fortalecimento de políticas produtivas com o setor privado aumentando as habilidades digitais e linguísticas da população, além de incentivar o investimento estrangeiro.

Fonte: ONU

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