Nesta quarta-feira, os ataques aéreos israelenses voltaram a atingir a cidade de Nabatieh, no sul do Líbano, deixando cinco mortos, segundo dados do Ministério da Saúde libanês. O número pode aumentar à medida que os escombros forem removidos.
As autoridades libanesas também confirmaram que o prédio da administração municipal da cidade foi atingido, com relatos de que o prefeito de Nabatieh está entre os mortos.
Padrão de ataques a civis
A coordenadora especial da ONU para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, declarou que este ataque segue outros incidentes em que civis e infraestrutura civil foram alvejados em todo o Líbano.
Ela adicionou que o assassinato de um socorrista humanitário relatado nesta quinta-feira é, “tragicamente, parte desse padrão”.
Jeanine ressaltou que as violações do direito internacional humanitário são “totalmente inaceitáveis” e lembrou que os civis e as infraestruturas civis devem ser protegidos em todos os momentos.
Segundo ela, com o aumento da intensidade das trocas de tiros, o sofrimento civil está atingindo “níveis sem precedentes”. A coordenadora especial enfatizou que as soluções militares “não trarão e não podem trazer segurança ou proteção para nenhum dos lados da Linha Azul”.
A chefe da ONU no país disse que é hora de todos os atores envolvidos “cessarem fogo imediatamente e abrirem a porta para soluções diplomáticas capazes de atender às necessidades dos cidadãos e promover a estabilidade regional”.
Serviços essenciais “à beira do colapso”
Em um discurso na sede do governo libanês nesta quinta-feira, o coordenador residente e humanitário da ONU para o Líbano, Imran Riza, disse que nas últimas semanas, a violência se intensificou, causando vítimas civis generalizadas, deslocamento em massa e destruição extensa em todo o país.
Falando na presença do primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, e de diversos ministros e embaixadores, ele sublinhou que os profissionais de saúde e da linha de frente foram atacados.
Riza mencionou que o mesmo aconteceu com centros de defesa civil e sistemas de abastecimento de água, levando os serviços essenciais “à beira do colapso”. Ele disse que isso deve parar.
O coordenador residente destacou como prioridades ampliar os serviços suficientes de alimentos, água, energia e proteção para as pessoas em abrigos coletivos em todo o país, a maioria dos quais são escolas públicas.
Ele disse que desde que o pedido de apoio para o Plano de Resposta para o Líbano foi lançado em janeiro, o contexto mudou “dramaticamente”. No dia 1 de outubro, a ONU e autoridades locais se reuniram para lançar um apelo humanitário urgente em resposta às necessidades decorrentes do conflito.
Fluxo para a Síria
Com a intensificação de combates e bombardeios, muitas pessoas estão fugindo para a Síria. A Agência da ONU para os Refugiados, Acnur, está em cinco passagens de fronteira com outras agências e parceiros locais, fornecendo água, alimentos, cobertores e colchões, bem como transporte para os destinos pretendidos.
Na principal passagem de fronteira Masnaa/Jdaidet Yabous, as pessoas são forçadas a atravessar a pé após um ataque na estrada na semana passada.
O Acnur e seus parceiros estão fornecendo assistência médica e jurídica, incluindo serviços de saúde primários e de emergência, transportando as famílias mais vulneráveis das passagens de fronteira para seus destinos e apoiando centros de acolhimento na Síria.
Muitos sírios estão retornando a lugares de onde fugiram anos atrás, sem saber o que encontrarão e com recursos escassos. Esse influxo está acontecendo em meio à crise humanitária existente na Síria. Milhões de pessoas no país ainda estão deslocadas e 90% da população precisa de assistência humanitária.
Fonte: ONU