OPINIÃO Nem tudo será falso alarme

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Derrota com a Croácia pesa pouco, mas há um lugar a justificar
alguma apreensão

NA primeira vez em que defrontou um adversário da primeira divisão do futebol europeu, a Seleção de Roberto Martínez perdeu. Evitem partir já o vidro para puxar o alarme, que o jogo foi de preparação e a utilização dos jogadores tem sido gerida ao minuto. Em alguns casos o cronómetro está ainda está a zeros, pelo que este é o tempo certo para errar. Só vem drama ao mundo lusitano se os desafios colocados pela Croácia não forem analisados ao pormenor, sobretudo a pensar em fases mais adiantadas do Campeonato da Europa.

Enquanto persistem as dúvidas relativamente à condição de Pepe, Roberto Martínez parece tentado a abdicar dos três centrais, mas apenas num sentido mais rígido, tendo em conta que Palhinha recua muitas vezes na fase de construção. A opção facilita a incontornável titularidade de Vitinha, mas requer um ajuste na reação à perda, já que Palhinha é apanhado muitas vezes fora da zona onde costuma limpar tudo. Em várias ocasiões a Seleção ficou partida a meio, na transição defensiva, também devido a uma tentativa de pressionar alto que se revelou pouco eficaz. Reagir rapidamente à perda de bola não é o mesmo que subir linhas para condicionar a construção do adversário, sobretudo se pensarmos num ataque com Cristiano Ronaldo, Bernardo Silva ou João Félix, por exemplo.

A gestão de Roberto Martínez demonstra uma intenção de acelerar a dinâmica entre Palhinha, Vitinha e Bruno Fernandes, mas até em ataque posicional a equipa das quinas revelou mais limitações do que tem sido habitual. Abdicar de um central não limita a projeção ofensiva dos laterais, mas até com bola houve pouca agressividade. Só conseguindo incomodar o adversário em largura e em profundidade é que a Seleção conseguirá abrir espaços para tirar proveito de jogadores como Vitinha, Bruno Fernandes, Bernardo Silva ou João Félix em zonas interiores.

A melhoria na segunda parte ficou, de resto, muito associada à verticalidade incutida por Nélson Semedo e Rafael Leão nos corredores, e também à capacidade, dada por Diogo Jota, de ameaçar o espaço nas costas da defesa croata.

Os acertos a fazer são mais coletivos do que individuais, naturalmente, mas o jogo do Jamor reforçou também a ideia de que o lugar mais problemático do onze, nesta altura, é o lado esquerdo do ataque. Em vez de deixar sinais animadores para quem aguarda pacientemente que faça jus ao talento que tem, João Félix gastou mais um crédito. Rafael Leão entrou bem, mas na fase de grupos do Europeu dificilmente terá o espaço de que tanto gosta para preparar o um-contra-um. Pedro Neto até tem o perfil certo, mas não chega ao torneio no esplendor do seu potencial. Não será descabido pensar em Francisco Conceição para aquele lugar, mas Diogo Jota parece, de momento, a opção mais fiável para uma função que bem conhece. Pode ser mais útil como complemento a Cristiano Ronaldo do que alternativa ao mesmo.

Fonte: A Bola

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