O mercado global de petróleo está sob pressão com o aumento das tensões geopolíticas no Médio Oriente, após os recentes ataques de mísseis do Irão contra Israel e especulações de uma possível retaliação israelita que poderia alvejar as infraestruturas petrolíferas iranianas. Especialistas alertam que, se o conflito escalar e as instalações de produção de petróleo iranianas forem destruídas, o preço do barril de petróleo poderá ultrapassar os US$200 dólares, um nível não visto em mais de uma década.
Impacto potencial no mercado global
O Irão, que representa cerca de 4% da oferta global de petróleo, é uma peça chave no fornecimento energético mundial. Segundo Bjarne Schieldrop, analista-chefe de commodities do banco sueco SEB, se as exportações de petróleo iranianas forem interrompidas por um ataque israelita, o mercado pode reagir rapidamente, com os preços a ultrapassar facilmente os US$200/barril. O aumento da tensão coloca em risco o Estreito de Ormuz, uma das principais rotas de exportação de petróleo mundial, por onde passa cerca de 20% do petróleo global, elevando a preocupação sobre um possível estrangulamento nos fluxos de petróleo para os mercados internacionais.
Os preços do petróleo subiram cerca de 5% nas últimas semanas, em parte devido à crescente incerteza sobre o desenrolar do conflito. Na quinta-feira, o preço do Brent para entrega em Dezembro estava cotado a US$75,32/barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) para Novembro era negociado a US$71,60/barril, ambos com aumentos diários de cerca de 2%.
Resiliência do Mercado de Energia
Apesar dessas preocupações, o mercado de petróleo tem demonstrado uma relativa resiliência nas últimas décadas, mesmo durante conflitos regionais no Médio Oriente. Segundo analistas, a diversificação da produção de petróleo em países como os Estados Unidos e o Brasil tem reduzido a dependência global do fornecimento de petróleo do Médio Oriente. Essa diversificação, juntamente com a baixa procura por combustível na China, tem ajudado a moderar o impacto dos conflitos na oferta global de energia.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, reconheceu que o conflito pode alastrar-se às infraestruturas petrolíferas iranianas, mas sublinhou que o Governo americano está a acompanhar de perto a situação. Até agora, a administração norte americana trabalhou para minimizar o impacto nos consumidores domésticos, garantindo que as sanções impostas à Rússia não afectassem directamente a oferta de petróleo.
Incerteza sobre os próximos movimentos
A situação continua incerta, com o Primeiro-Ministro israelita Benjamin Netanyahu a prometer uma resposta vigorosa ao ataque iraniano, afirmando que Teerão pagará caro pela “grande falha” de ter atacado Israel. No entanto, especialistas advertem que qualquer ataque às infraestruturas iranianas pode desencadear uma retaliação significativa, não apenas contra Israel, mas também contra outros produtores de petróleo da região, como a Arábia Saudita.
De acordo com Michael Knights, do Instituto de Políticas do Próximo Oriente, embora seja possível que o impacto inicial no mercado de petróleo seja limitado, um conflito prolongado que envolva vários países produtores de petróleo pode alterar drasticamente a oferta global e gerar um aumento muito mais significativo nos preços. “Se o conflito se restringir a Israel e ao Irão, o impacto pode ser contido, mas se se alargar a outros países produtores, o cenário muda drasticamente”, observou Knights
O futuro imediato do mercado de petróleo permanece incerto. Embora os preços tenham subido ligeiramente, a expectativa de um ataque israelita às instalações de petróleo do Irão poderia alterar rapidamente o equilíbrio do mercado. A reação global dependerá da forma como o conflito se desenvolver e se se estenderá a outros países da região, com o potencial de levar o preço do barril a valores recordes.
As próximas semanas serão críticas para determinar se o mercado de petróleo enfrentará uma disrupção significativa ou se conseguirá resistir a mais um conflito no Médio Oriente, mantendo a oferta relativamente estável.
Fonte: O Económico