Tuesday, November 5, 2024
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Reclusas de Ndlavela actuam com Dama do Bling 

Seis reclusas do Estabelecimento Penitenciário Especial para Mulheres de Maputo vão actuar num musical, a partir das 18 horas de hoje, no Centro Cultural Moçambique-China, em Maputo, com a cantora Dama do Bling. Dirigido por Zé Pires, a iniciativa pretende celebrar os 30 anos da Ordem dos Advogados de Moçambique.Há 30 anos, foi instituída a Ordem dos Advogados de Moçambique. Para celebrar os anos de existência da agremiação, o músico Zé Pires criou e dirigiu o musical Des’Arte, que será apresentado no Centro Cultural Moçambique-China.Quem vê o cartaz, logo percebe que o evento vai contar com apresentações de Yolanda Chicane, Onésia Muholove, Isabel Jorge, Mário Mabjaia, Horácio Guiamba, Pauleta Muholove, Dénio Pelembe, Juliana de Sousa e Dama do Bling. Porém, o que o cartaz não revela é que ao musical também foram convidadas seis internas (reclusas) do Estabelecimento Penitenciário Especial para Mulheres de Maputo/ Cadeia Feminina de Ndavela, na Matola. As seis e mais duas que já cumpriram a pena vão acompanhar Dama do Bling na interpretação do tema “Desabafo do recluso”. Com aproximadamente três minutos de duração, a música de Dama do Bling retrata a situação de arrependimento de um recluso, que, tendo percebido que errou, arrepende-se e pede perdão a Deus e à sociedade inteira. Por julgar o tema da música pertinente, até porque dialoga com os propósitos da Ordem dos Advogados de Moçambique, Zé Pires contactou a ArtMud, que quer dizer Arte para Mudança, de modo que a agremiação ajudasse no que fosse necessário para que as internas pudessem se apresentar no palco do musical. Assim, com a intervenção da artista plástica Bena Filipe, o SERNAP ponderou a favor do convite. Depois disso, a ArtMud contactou o Estabelecimento Penitenciário Especial para Mulheres de Maputo, que também concordou. A partir do momento em que a participação das internas no musical foi dada como certa, Zé Pires disponibilizou a música “Desabafo do recluso”, para que pudessem ensaiar, o que ocorreu durante três semanas. No Centro Cultural Moçambique-China, as internas de Ndlavela terão a oportunidade de se apresentar ao público pela terceira vez. Uma das internas, inclusivamente, toca guitarra. Logo, além de exercerem o que gostam e sabem fazer, “espera-se que elas possam, depois de cumprir a pena, continuar com a vida artística. O talento delas tem de ser partilhado com o público”, disse Bena Filipe, acrescentando que o musical em celebração dos 30 anos da Ordem dos Advogados de Moçambique será o primeiro grande evento das internas, pois os dois anteriores foram pequenos.As internas de Ndlavela têm trabalhado, há algum tempo, com a ArtMud, entidade criada há três anos de modo a contribuir com a sua reintegração, o que inclui actividades com mulheres que já cumpriram a pena. Conforme adiantou Zé Pires, o evento que vai durar duas horas será mais do que um musical. Igualmente, ao longo de duas horas, o público terá a possibilidade de acompanhar uma certa abordagem às várias situações inerentes à sociedade moçambicana. A arte, no caso, vai servir de pretexto para que todos reflictam sobre o país, quer do ponto de vista de direito e justiça, quer do ponto de vista de hábitos e costumes. Assim, Zé Pires quis contar a história da Ordem dos Advogados de Moçambique de forma apelativa, de modo que o público se sinta parte da narrativa. Durante o musical, nomes importantes para o Direito, em Moçambique, serão lembrados. Por exemplo, Rui Baltasar, Domingos Arouca e Teodato Hunguana.Sobre as internas, Zé Pires sublinhou que, além de celebrar o trigésimo aniversário da Ordem dos Advogados de Moçambique, o musical será um pretexto para lembrar aos cidadãos e às instituições de direito que aqueles que cumprem penas nas prisões não devem ser esquecidos. Pelo contrário, a reintegração é um valor que deve ser cultivado continuamente. Também por isso, Dama do Bling, logo que foi apresentada a ideia de cantar com as internas, por Zé Pires, concordou satisfeita, convicta de que estava a fazer a coisa certa.   

Fonte:O País

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