O dólar americano registou uma recuperação significativa na quinta-feira, 19 de setembro de 2024, após o Federal Reserve (Fed) ter anunciado um corte de 50 pontos-base na sua taxa de juro de referência, uma medida mais agressiva do que a antecipada por muitos economistas. Apesar de os mercados terem, em grande parte, precificado esta decisão, a reação foi volátil, com o dólar a sofrer inicialmente uma queda, antes de recuperar terreno.
O Fed justificou este corte com o objectivo de manter uma taxa de desemprego baixa e estabilizar a economia, após um longo período de inflação elevada, que, em meados de 2022, atingiu o pico de 9,1%. Com a inflação a desacelerar para 2,5%, muito próxima da meta de 2% do banco central, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que “chegou o momento” de começar a flexibilizar a política monetária para apoiar o crescimento económico e aliviar o mercado de trabalho.
Este corte de juros, o primeiro em mais de quatro anos, reduziu a taxa de referência para aproximadamente 4,8%, depois de um período prolongado de 14 meses em que os juros se mantiveram num máximo de 20 anos, a 5,3%. Além disso, o Fed indicou que poderá realizar mais dois cortes de 25 pontos-base até ao final do ano e prevê ainda novas reduções em 2025 e 2026.
A resposta dos mercados foi inicialmente negativa, com o dólar a cair logo após o anúncio. Contudo, à medida que a sessão prosseguia, a moeda americana recuperou, especialmente contra o iene, com uma valorização de 0,58%, para 143,12. O euro também caiu ligeiramente, situando-se nos 1,1113 dólares.
O corte de juros reflecte uma mudança importante na estratégia do Fed, que anteriormente se concentrava em conter a inflação com sucessivos aumentos de taxas. Agora, o banco central está focado em suavizar o impacto económico, particularmente num mercado laboral que começa a dar sinais de abrandamento. Os analistas esperam que a flexibilização monetária ajude a revitalizar a economia sem comprometer os recentes ganhos na contenção da inflação.
Olhando para o futuro, os mercados esperam que o Fed continue a cortar as taxas de juro de forma moderada. Embora se prevejam mais reduções até ao final de 2024, o ritmo poderá abrandar em 2025, com os cortes a serem menos frequentes, dependendo da evolução da economia e do mercado de trabalho.
Em suma, a recuperação do dólar e as medidas do Fed ilustram os desafios e oportunidades enfrentados pela economia dos EUA, num contexto de incerteza global. As próximas decisões do Fed serão cruciais para determinar o rumo da política monetária, num ambiente que continua volátil e sensível a mudanças económicas.
Fonte: O Económico