Moçambique como Hub Logístico Regional: Aspiração que dinamiza o Sector Ferro-Portuário

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O sector logístico de Moçambique atravessa uma fase de transformação profunda, com os investimentos em infraestruturas e a busca pela eficiência a colocarem o País como um actor-chave no comércio regional. Joaquim Zucule, administrador dos CFM, destacou durante o “Economic Briefing da CTA”, as oportunidades e os desafios que o sector enfrenta, destacando o papel central de Moçambique na ligação dos países do Interland às principais rotas de escoamento de mercadorias.

Há oportunidades de expansão regional

A estratégia da CFM inclui uma “expansão regional” ambiciosa, com foco na recuperação de infraestruturas ferroviárias em países vizinhos como o Zimbabué. Segundo Zucule, “há limitações significativas nas infraestruturas do Zimbabué que impedem a plena optimização das linhas férreas que saem de Moçambique”. Para mitigar este problema, a CFM investiu US$ 10 milhões na reabilitação de linhas ferroviárias no Zimbabué, permitindo uma circulação mais eficiente de comboios entre os dois países.

Trata-se de uma abordagem que reforça o papel de Moçambique como uma porta de entrada para o comércio internacional dos países sem acesso directo ao mar. Além do Zimbabué, os CFM estão também a negociar parcerias estratégicas com a África do Sul e a Suazilândia, visando expandir ainda mais o alcance das suas operações logísticas. “Estamos prontos para internacionalizar as nossas operações, e o Zimbabué e a África do Sul são os nossos principais focos”, referiu Zucule.

Digitalização e eficácia operacional

Um dos maiores desafios enfrentados pelo sector logístico em Moçambique é a falta de eficiência operacional, especialmente nas fronteiras. “A logística de fronteira ainda é um problema para nós, mas estamos a trabalhar com as autoridades regionais para agilizar os processos”, explicou Zucule. A digitalização das operações, incluindo a implementação de novos sistemas de sinalização, tem sido crucial para reduzir os tempos de trânsito e os custos de transporte.

Zucule destacou que, sem a digitalização e modernização das infraestruturas, os comboios não conseguem circular de forma eficiente. “A nossa meta é permitir que os comboios sigam em sucessão, sem paragens desnecessárias”, disse. Este esforço de modernização está a ser apoiado por um forte compromisso com a melhoria das infraestruturas portuárias e ferroviárias, tornando Moçambique mais competitivo a nível regional.

Oportunidades no Corredor de Nacala

O Corredor de Nacala, recentemente modernizado, representa uma das maiores oportunidades de crescimento para o sector logístico de Moçambique. O porto de águas profundas, considerado um dos mais modernos da África Austral, está agora numa posição privilegiada para o escoamento de mercadorias de elevado valor, como o lítio. “O lítio, cujo preço no mercado internacional ronda os 1000 dólares por tonelada, está a ser cada vez mais exportado pelo Porto de Nacala”, referiu Zucule.

Além do lítio, outros minérios, como o carvão e a magnetite, continuam a ser transportados através dos portos moçambicanos, consolidando a posição de Moçambique como “hub logístico essencial” para os países do Interland. Zucule destacou também que os CFM estão a trabalhar para aumentar a capacidade de armazenamento de combustíveis e outras mercadorias, como forma de potenciar ainda mais o comércio regional e internacional.

Desafios e sustentabilidade

Apesar das oportunidades, o sector enfrenta também desafios importantes, como a necessidade de “melhorar a sustentabilidadedas operações”. Para Zucule, a formação de recursos humanos e a inclusão de conteúdo local nos grandes projectos de infraestruturas são essenciais para garantir que os benefícios do crescimento logístico sejam amplamente distribuídos. “Queremos incluir as pequenas e médias empresas locais nos grandes projectos, promovendo a criação de emprego e o desenvolvimento económico inclusivo”, afirmou.

Zucule situa o sector ferro-portuário de Moçambique numa fase de transformação, com desafios significativos, mas também com oportunidades únicas de crescimento. A modernização, a digitalização e a expansão regional emergem como os pilares que sustentarão o futuro da logística no país, permitindo que Moçambique se consolide como um actor chave no comércio internacional e regional.

Fonte: O Económico

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