Estado moçambicano garantiu um alívio financeiro de aproximadamente US$ 5,5 milhões como parte de um seguro soberano contra seca, que será desembolsado pela Capacidade Africana do Risco (CAR), uma verba importante para mitigar os efeitos devastadores da seca que tem assolado o país no período entre 2022 e 2024, impactando milhares de famílias em regiões vulneráveis.
A CAR, uma agência especializada da União Africana, foi criada com o objectivo de melhorar a resposta dos países africanos aos eventos climáticos extremos e desastres naturais. A agência actua como uma plataforma continental de gestão de risco, oferecendo seguros e outros mecanismos financeiros para ajudar os países a enfrentar eventos climáticos adversos, como secas, inundações e ciclones.
Desde sua criação, a CAR tem desempenhado um papel fundamental na protecção financeira de vários países africanos contra as incertezas climáticas. A agência utiliza um modelo de seguro baseado em índices, onde os pagamentos são automaticamente acionados quando determinados parâmetros climáticos são atingidos, como a falta de chuvas por um período prolongado, o que ajuda a acelerar a resposta e mitigação em caso de desastres naturais.
Impacto e beneficiários em Moçambique
O valor de US$ 5,5 milhões será utilizado para beneficiar directamente cerca de 27.572 pessoas, especialmente aquelas em comunidades que sofreram perdas significativas devido à seca prolongada. Este montante será investido em acções concretas de mitigação, incluindo a distribuição de sementes resistentes à seca, a construção de reservatórios de água e a abertura de furos multiusos que servirão não só para o consumo humano, mas também para o abastecimento de animais.
Durante o III Conselho Consultivo do Instituto Nacional de Gestão do Risco de Desastre (INGD), realizado em Maputo, o porta-voz do INGD, Paulo Tomás, sublinhou a importância dessa iniciativa. Ele destacou que as previsões climáticas para a estação chuvosa de 2023-2024 indicavam uma situação crítica, justificando a ativação do seguro para desencadear ações de suporte às comunidades impactadas.
Mobilização e prevenção
Luísa Meque, Presidente do INGD, fez um apelo enfático aos parceiros institucionais para intensificarem seus esforços na mobilização e conscientização das populações sobre a importância da prevenção de desastres. Ela destacou que a prevenção é um pilar fundamental na estratégia de redução de risco de desastres do País, especialmente em regiões mais propensas a eventos climáticos extremos.
“A assistência prestada pelos diversos setores do Estado que integram o sistema nacional de gestão e redução de risco de desastres tem sido vital para as populações que vivem e trabalham em áreas vulneráveis”, afirmou Meque. Ela enfatizou a necessidade de continuidade nas acções preventivas, incluindo a implementação de infraestruturas resilientes e a promoção de práticas agrícolas adaptadas às condições climáticas adversas.
Cooperação Internacional e Futuro Sustentável
Catherine Sozi, Coordenadora Residente das Nações Unidas em Moçambique, reforçou a importância de uma forte cooperação internacional para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas. Ela reconheceu os esforços significativos que têm sido feitos, mas destacou que ainda há desafios a serem superados para garantir que as comunidades mais vulneráveis sejam adequadamente protegidas.
“Apenas através de uma cooperação sólida podemos avançar como uma sociedade. Precisamos continuar colocando as pessoas em primeiro lugar, investindo em seu futuro, bem-estar e segurança”, afirmou Sozi, sublinhando a necessidade de acções conjuntas para construir um futuro resiliente para Moçambique.
Além disso, a representante interina do Banco Africano de Desenvolvimento enfatizou que o evento representava uma oportunidade crucial para debater estratégias e alinhar ações de mitigação que possam ser traduzidas em resultados tangíveis para as comunidades afetadas.
O seguro contra a seca activado pela CAR é um exemplo claro de como os mecanismos de financiamento inovadores podem ser usados para proteger países em desenvolvimento dos impactos devastadores das mudanças climáticas. Para Moçambique, que é particularmente vulnerável a secas e outros desastres naturais, essa assistência financeira não só proporciona alívio imediato, mas também contribui para a construção de uma resiliência a longo prazo.
Com o apoio contínuo de parceiros internacionais e o fortalecimento das capacidades locais, Moçambique poderá enfrentar os desafios climáticos com mais eficácia, garantindo que suas populações mais vulneráveis tenham a proteção e os recursos necessários para prosperar em um ambiente cada vez mais desafiador.
Fonte: O Económico