O segundo trimestre de 2024 trouxe um alívio bem-vindo para a economia moçambicana, com a taxa de inflação desacelerando significativamente e as taxas de juros caindo para níveis mais baixos. Esses desenvolvimentos foram apresentados no recente “Economic Briefing” da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) e são amplamente vistos como sinais de uma recuperação económica em curso, que pode impulsionar a confiança empresarial e estimular novos investimentos.
Inflação em desaceleração
De acordo com os dados apresentados pela CTA, a taxa de inflação, que estava em 6,02% no primeiro trimestre de 2024, caiu para 4,67% no segundo trimestre. Esta desaceleração foi atribuída a uma combinação de políticas monetárias restritivas e uma maior estabilidade nos preços de bens administrados, como combustíveis e eletricidade. A redução na inflação é uma boa notícia tanto para os consumidores, que podem esperar um alívio nos preços dos produtos básicos, quanto para as empresas, que enfrentam menos pressões de custos.
Redução nas Taxas de Juros
Além da queda na inflação, as taxas de juros também seguiram uma trajetória descendente. A taxa MIMO, utilizada pelo Banco de Moçambique como referência para o mercado, foi reduzida de 17,25% em Janeiro para 15% em Junho de 2024. Essa redução faz parte de um esforço mais amplo do banco central para estimular a economia, tornando o crédito mais acessível para empresas e consumidores. No entanto, apesar dessa tendência positiva, as taxas de juros ainda são vistas como relativamente altas, o que pode continuar a limitar o acesso ao crédito, especialmente para pequenas e médias empresas (PMEs).
Melhoria no Ambiente Macroeconómico
O impacto dessas mudanças já começa a se refletir no Índice do Ambiente Macroeconômico da CTA, que subiu 3 pontos percentuais, de 45% no primeiro trimestre para 48% no segundo trimestre. Este aumento indica uma melhora na percepção geral do ambiente econômico por parte dos empresários, que começam a ver o futuro próximo com mais otimismo. Essa melhoria é um reflexo directo das políticas monetárias mais favoráveis e da estabilização dos preços, que juntos criam um ambiente mais propício para o crescimento económico.
Desafios persistentes
Apesar dessas melhorias, alguns desafios significativos permanecem. A disponibilidade de divisas no mercado continua a ser um problema crítico para as empresas que dependem de importações. A redução das exportações e as medidas de restrição cambial impostas pelo Banco de Moçambique exacerbaram a escassez de moeda estrangeira, o que pode retardar o ritmo da recuperação econômica. A limitação no acesso a divisas não só afeta a capacidade das empresas de adquirir insumos e bens de capital necessários, mas também cria incertezas adicionais em um ambiente de negócios já volátil.
O.Económico infere que, embora os desenvolvimentos do segundo trimestre de 2024 sejam encorajadores, eles também ressaltam a necessidade de uma vigilância contínua e de políticas eficazes para abordar os desafios remanescentes. A recuperação económica de Moçambique está em andamento, mas sua sustentabilidade dependerá de como o País lida com as questões estruturais, como a disponibilidade de divisas e o acesso ao crédito. A CTA e o Banco de Moçambique têm desempenhado papéis críticos nesse processo, mas a colaboração contínua entre o Governo, o Sector Privado e as instituições financeiras será essencial para garantir que a economia moçambicana possa não apenas recuperar-se, mas também prosperar a longo prazo.
Fonte: O Económico