Prémio de melhor marcador do campeonato entregue ao goleador sueco que foi um autêntico monstro na Liga 2023/2024; 29 golos na prova, oito a mais do que o segundo classificado na lista de goleadores; dedicatória à equipa: «Não dependo só de mim para marcar»; toda a história da contratação mais impactante dos últimos anos em Portugal
Sorrateiro, de polo e calções brancos pérola, penteado perfeito como sempre, nem um fio de cabelo fora do lugar. Sorrateiro, abriu uma das portas de acesso ao pátio interior da Academia Cristiano Ronaldo e apresentou-se à equipa de A BOLA que lhe entregou em mãos um dos mais importantes e históricos prémios do futebol português, A BOLA de Prata. Sorrateiro chegou, em contraste com o caos que, a cada jogo, a cada jogada, instala nas defesas dos adversários do Sporting. Viktor Gyokeres, um monstro em campo, simpático e afável fora dele, é o melhor marcador da Liga, já tem o prémio em casa e até já pensa em repetir a proeza.
Foi na temporada 1952/1953 que A BOLA de Prata foi pela primeira vez entregue. Matateu, internacional português e histórico do Belenenses, nascido em Lourenço Marques, hoje Maputo, Moçambique, a 26 de julho de 1927, teve a honra de inaugurar o prémio – marcou 29 golos. 71 anos depois, a vez de um sueco, alto e nada tosco, deixar a sua marca na história: Gyokeres marcou 29 golos no campeonato, mais oito do que o congolês Simon Banza, do SC Braga, 2.º classificado nesta luta individual. E com os seus golos os leões são campeões nacionais.
Logo na primeira temporada em Portugal, o goleador de 25 anos, como o leão, deixa a sua marca. 29 golos em 33 jogos no campeonato, 14 adversários sofreram com os tentos do avançado. Só não marcou a E. Amadora, Famalicão e Estoril. Ainda agora Gyokeres festeja o título nacional e A BOLA de Prata e já pensa em repetir a proeza. Ganhar outra vez para o ano? «[risos] Claro que quero ganhar», responde-nos o camisola 9, depois de agradecer o prémio. «Mas é também pela equipa e pelo que conquistámos juntos. Marcar golos não depende só de mim, claro que estou muito feliz por receber este prémio», acrescentou o goleador, para logo respirar e fazer uma pausa para contemplar o troféu que já colocou na sua galeria particular.
O desejo de repetir o prémio, confessado entre sorrisos, não garante, naturalmente, que Gyokeres continua de leão ao peito, como o que tinha no polo com que se apresentou, mas deixa aos sportinguistas a garantia de que o sueco se sente motivado no Sporting, clube com o qual tem contrato até 2028 e cláusula de rescisão de 100 milhões de euros. Custou o recorde leonino numa aquisição, 20 milhões no passado verão, que entraram nos cofres do Coventry. E terão sido os 20 milhões mais bem gastos pela administração, numa operação que durou quase três meses até chegar ao resultado final.
A BOLA conta-lhe como foi. Era final de abril de 2023 e o 4.º lugar que se perspetivava obrigava os leões a reagir na nova época. Faltava um avançado, um ponta de lança que não deixasse golos por marcar. Na sequência de contactos que permanentemente existem entre o diretor desportivo Hugo Viana e o mercado, foi identificado o alvo e encaminhado para o scouting, que imediatamente deu aval positivo. A administração, no entanto, sempre teve em mente que seria operação quase impossível: pela época que o sueco estava a fazer no Championship, o competitivo 2.º escalão inglês, e o inevitável apetite dos clubes da Premier League, com capacidade financeira manifestamente superior. Ainda assim, os leões sempre recusaram desistir e encetaram contactos junto dos agentes de Gyokeres, no sentido de aferir o interesse do avançado em rumar a Alvalade. A porta não se abriu no imediato mas ficou entreaberta até um passo decisivo: uma conversa entre avançado, Hugo Viana e… Rúben Amorim.
Convencido o sueco sobre o projeto desportivo e com a convicção do jogador num desempenho em Portugal capaz de o catapultar para um clube de maior dimensão de uma liga do maior patamar europeu, o Sporting avançou para os contactos junto do Coventry, que na altura não tinha interesse em fazer a operação para Portugal, pela expectativa de maior encaixe financeiro da Premier League. A vontade do avançado e o empenho dos agentes acabou por ser crucial para desbloquear a situação, que ainda assim obrigou a viagem relâmpago de Viana e do presidente Frederico Varandas a Inglaterra. A partir daí, as administrações aceleraram negociações, números para a frente e números para trás e Gyokeres assinou pelo Sporting e foi apresentado no dia 13 de julho de 2023. E o resto é o que já se viu…
Gyokeres está em Portugal há menos de um ano mas sente-se no nosso país como em casa, na Suécia. E desde os primeiros dias. O goleador mora numa conhecida zona da margem Sul do Tejo, junto à praia, e desde cedo com o primo Cristophe Gyokeres. As visitas de familiares, sobretudo os pais, e também de amigos são frequentes. Nesses dias pode até saltar a rotina pacata, de muito descanso em casa, que também interrompe a seguir aos jogos em Alvalade: nesses dias tem por hábito ir a um famoso restaurante/bar de um conhecido hotel de Lisboa. Gosta de sushi mas sobretudo de pratos de carne.
Foi o treinador Rúben Amorim quem confirmou um rumor que há alguns meses andava a circular, que Gyokeres já tinha namorada portuguesa. Não disse quem era, mas já se sabe que é a atriz Inês Aguiar, que no sábado esteve em Alvalade na festa de entrega da taça de campeão.
No plantel dos leões todos gostam de Viktor Gyokeres, mas há aqueles amigos mais chegados, como Franco Israel, Morten Hjulmand e St. Juste.
Nos últimos 20 anos, desde Mário Jardel, nunca um jogador tinha tido tanto impacto no Sporting como Viktor Gyokeres teve esta época. E no mercado o avançado sueco desperta atenções como poucos em Portugal conseguiram fazer na temporada de estreia. Por isso, a intenção da administração do Sporting é clara e está pronta para avançar: os leões já preparam uma proposta de renovação com o avançado, a qual contemplará, sobretudo, uma revisão salarial e um aumento da cláusula de rescisão, não estando prevista – ainda que esse não seja um cenário completamente descartado – uma prorrogação do vínculo, que, recorde-se, tem a duração até 2028.
A ordem é para segurar Gyokeres. Prioridade do Sporting e de… Rúben Amorim. Os leões querem manter as principais peças da equipa na próxima temporada e o avançado sueco de 25 anos está no topo dessa lista de intocáveis de forma a manter uma equipa forte e competitiva não só para atacar o desejado bicampeonato como também uma participação positiva na próxima edição da Liga dos Campeões.
Interessados no ponta de lança há muitos e de muitos dos principais campeonatos europeus mas terão de contar com o facto de a cláusula de rescisão do camisola 9 dos verdes e brancos ser atualmente de 100 milhões de euros, valor pelo qual os leões nada poderão fazer para segurar o jogador… Arsenal e Chelsea em Inglaterra, Milan em Itália e Paris Saint-Germain em França foram os clubes que mais vezes foram associados ao goleador do Sporting, que para já está apenas focado no leão e em mais um troféu: a Taça de Portugal.
Fonte: A Bola
