Três anos após a pandemia, o nível de imunização infantil não atingiu o estágio anterior ao da crise de saúde. No cenário de estagnação em 2023, mais 2,7 milhões de crianças não foram vacinadas ou estavam sub-imunizadas em relação a 2019.
Dados lançados nesta segunda-feira revelam que até 6,5 milhões de crianças não completaram a terceira dose da vacina DTP para a prevenção da difteria, do tétano e da coqueluche, também conhecida como tosse convulsa. Essa imunização é necessária para a proteção contra doenças nas fases da infância e da primeira infância.
Acesso aos serviços de imunização
Em países de língua portuguesa que aparecem no estudo, Portugal teve 99% neste indicador considerado essencial para apurar o acesso aos serviços de imunização. O Brasil aparece com 96%, Guiné-Bissau com 80%, Moçambique com 90% e Angola com 69%.
O estudo de cobertura global de imunização infantil retratando um nível mundial “praticamente inalterado desde 2022” foi realizado pela Organização Mundial da Saúde, OMS, e pelo Fundo da ONU para a Infância, Unicef.
O mais alarmante é que essa taxa “ainda não retornou aos níveis de 2019, refletindo obstáculos como “interrupções nos serviços de saúde, desafios logísticos, hesitação em relação à vacina e desigualdades no acesso aos serviços”.
As taxas de vacinação contra o sarampo também estagnaram, com quase 35 milhões de crianças sem proteção ou apenas com uma cobertura parcial. Apenas 83% dos menores de idade em todo o mundo receberam sua primeira dose da vacina contra a doença por meio de serviços de saúde de rotina em 2023.
Os novos dados revelam que quase três em cada quatro menores de idade vivem em países onde a baixa cobertura vacinal está causando surtos de sarampo.
Doenças cancerígenas entre as mulheres
Pelo menos 52 nações não incluíram a vacinação contra o HPV no pacote de imunização, embora o câncer cervical seja a segunda maior causa de doenças cancerígenas entre as mulheres ao abarcar 18% dos casos no grupo.
O estudo coloca Índia, Nigéria, Congo, Etiópia, Sudão e Paquistão entre as nações do mundo com o menor número de crianças que não receberam sequer uma primeira dose de vacinas contendo DTP.
O levantamento indica que mais da metade das crianças não vacinadas vivem em 31 países com cenários frágeis, afetados por conflitos e vulneráveis. Elas estão particularmente expostas doenças preveníveis devido a interrupções e falta de acesso a serviços de segurança, nutrição e saúde.
Investimento em inovação e colaboração
Com a alta modesta do número de crianças que receberam sua segunda dose de DTP em relação ao ano anterior, o nível chegou a 74% das crianças. Esses números ficam aquém da cobertura de 95% necessária para prevenir surtos cujos esforços fazem parte das metas da Agenda de Imunização 2030, IA2030.
O plano global prevê 90% e não mais do que 6,5 milhões de crianças que não tenham recebido sequer uma primeira dose de vacinas contendo DTP globalmente até o fim desta década. O Conselho de Parceria Agenda de Imunização 2030 pede um maior investimento em inovação e colaboração contínua nesse sentido.
A IA2030 também recomenda que seja reforçada o apoio dado pelas parcerias às lideranças nacionais. A meta é melhorar a imunização de rotina como parte de programas integrados de atenção primária à saúde com forte apoio político, liderança comunitária e financiamento sustentável.
Fonte: ONU