Público-alvo é mais importante que uma ideia de negócio

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Uma ideia de negócio, por si só, não vale nada. É fundamental conhecer as reais necessidades do público-alvo para se avançar num negócio, defende Luhane Gagnaux, o jovem fundador e director executivo da LA Business, uma empresa moçambicana.Conta que estreou-se no mundo do empreendedorismo com aproximadamente 15 anos de idade, na altura, com facturações mensal de 30 a 40 mil meticais nas redes sociais.“Eu simplesmente recebi aquelas mensagens que todos vocês recebem, de vendedores de telefones, com uma lista mensal. Eu simplesmente fazia copy e punha dois a três mil Meticais naqueles preços e reencaminhava para toda a minha lista”, explicou Luhane Gagnaux.Diante de uma plateia jovem, no último dia da 11ª edição da Moztech, Luhane Gagnaux disse que é possível iniciar negócios sem possuir capital. “Nós temos que olhar para o negócio como se fosse um bem”, avançou para explicar a necessidade de formalizar um negócio.“Eu apercebi-me que tenho que criar uma coisa que pode ter três fins: ser herdado, ir à falência ou ser vendido. Esses são os três fins de qualquer negócio. Claro que eu não quero que vá à falência. Eu vou querer vender ou vou querer que seja herdado”, considerou.Para que tudo dê certo, Gagnaux entende que o negócio deve ser bem estruturado, com processos e principalmente, não deve depender apenas da pessoa que cria. É daí que diz ter criado uma empresa que não é digital, que usava uma tecnologia de lavar os carros sem água.“Com uma garafinha de água, nós conseguiamos lavar um carro. Não basta ter uma boa ideia de negócios, é importante identificar para quem agente está a fazer. Não criem negócios primeiro para depois ir atrás do público, vejam primeiro o que é que o público precisa”, disse.Só depois de se conhecer as necessidades do público, é que vem a fase de criação de uma solução do problema desse público. “Então, eu vi uma necessidade muito grande das empresas em optimizar o seu tempo”, afirmou, referindo-se ao negócio que criará.Explica que nesse negócio, a empresa simplismente inovou algo que já existia. “Em vez de fazermos a lavagem convencional que leva duas, três, quatro ou cinco horas de tempo, nós iamos lavar onde o cliente estivesse, ou seja, na empresa dele ou na casa dele”.Como dica para os que queiram abraçar o empreendedorismo, Luhane Gagnaux sugere que identifiquem negócios que têm muito potencial, mas que estão a cometer algumas falhas e pegar nele e procurar fazer algo similar, mas melhor.“Uma forma de criar negócio é pegar um mercado que tem uma grande demanda, e pensar no que posso melhorar. Então, a partir daí, criamos um aplicativo chamado Bacela”, explicou.Trata-se, na verdade, de um aplicativo que dá descontos em mais de seis estabelecimentos comerciais na cidade de Maputo, ou seja, permite ao público usar o aplicativo para beneficiar-se de 10% de descontos em qualquer compra, quantas vezes quiserem.“Esse aplicativo foi um sucesso, ganhamos premos aqui na Moztechm, ganhamos prémios na Ungria, em Portugal e aqui em Maputo. Se eu tenho 100 parceiros, 100 lojas a darem-me descontos, significa que elas têm um problema, de clientes”, concliui o empreendedor.É através desse problema de clientes das lojas que criou uma solução para ajudar a esta a vender mais. “Surgiu assim a minha agência de marketing digital. Hoje fazemos a comunicação da Federação Moçambicana de Futebol, Frozy, Lande Rover, Jaguar, etc”, disse.E, por fim, por já ter resolvido o probelma financeiro, que o motivou a abrir o primeiro negócio, agora diz que ganha dinheiro ensinando outras pessoas, principalmente através das plataformas digitais – como forma de ganhar escale – e faz isso porque gosta.“É necessário identificar modelos de negócios que sejam escaláveis. É aqui onde entra o digital. Quando pensarem nos vossos negócios, pensem como fazer para fazer maiores entregas e vender mais, nos canais de comunicação, daí vem o digital”, aconselhou.Por fim, mais uma dica do jovem empreendedor: “é preciso identificar o público-alvo. Um plano de negócio é complexo, mas foquem-se na proposta do valor e no modelo de negócios. Como é que vocês vão ganhar dinheiro”.Por seu turno, Mahomed Adam, gestor da Yango em Moçambique, fez saber que a ideia para se implatar o negócio em Moçambique foi quase a mesma. A empresa identificou fragilidades existentes np sistema de transporte e procurou soluções adequadas.“Os problemas são: o horário limitado, frotas limitadas, indisponibilidade do serviço, relactivamente ao taxi de praça – empresas de taxi, txopelas e boleia paga, tinham que negociar as entrevistas que aqui a amiga mencionou”, arolou os problemas.As dificuldades não param por aí. Para quem tem um carro próprio, o gestor também fala de outros problemas: um deles é o congestionamento. “Depois de enfrentarmos o congestionamento, chegamos para um sítio, e temos o problema de estacionamento”.Como solução, a empresa propôs-se em criar um serviço em que qualquer pessoa consegue movimentar-se de um ponto A para um ponto B de forma instantânea. Tal foi possível fazer através da tecnologia, atendendo que há já no país muita gente a usar smartfones.“Criamos uma plataforma em que qualquer pessoa consiga registar-se como um passageiro ou como motorista, no entanto, é preciso realsar que temos medidas de segurança para a validação de todos os motoristas”, explicou.De acordo com o gestor da Yango, com a base de dados, consegue-se garantir que haja densidade dos motoristas nas cidades de Maputo e Matola. Tal densidade, diz o gestor, faz com que se consiga ter tarifas relactivamente assessíveis.“Antigamente usava-se um taxi por chamada. Estamos na baixa da cidade, ligamos para um operador para nos vir buscar. O motorista teria que cobrar o valor para ir à baixa e depois para o destino. Tendo densidade, podemos ter serviços muito mais acessíveis”, explicou.

Fonte:O País

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