As celebrações formais do Dia Internacional das Forças de Paz das Nações Unidas acontecem nesta quinta-feira na sede das ONU em Nova Iorque marcando as contribuições que militares, policiais e civis nas missões de paz fizeram nas últimas sete décadas. O secretário-geral António Guterres depositou uma coroa de flores em homenagem a todos os boinas-azuis que perderam suas vidas desde 1948.
Ele também esteve na Câmara do Conselho de Tutela para entrega das Medalhas Dag Hammarskjold, concedidas postumamente a 64 militares, policiais e civis das forças de paz que perderam suas vidas servindo sob a bandeira da ONU. O número inclui 61 que morreram no ano passado.
Homenagens
Guterres também entregou o prêmio Defensora de Gênero Militar do ano à major Radhika Sen, da Índia, que serviu na Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo, Monusco.
Na abertura da cerimônia, o secretário-geral lembrou que, desde 1948, mais de 4,3 mil homens e mulheres morreram sob a bandeira das Nações Unidas, um lembrete constante do alto custo humano dos conflitos. Para ele, cada perda sublinha a necessidade urgente de prevenir a violência, proteger os mais vulneráveis e acabar com esses conflitos mortais.
Criado em 2016, o prêmio “reconhece a dedicação e o esforço de um soldado da paz individual na promoção dos princípios da Resolução 1325 da Segurança da ONU sobre mulheres, paz e segurança”.
A major Sen recebeu o prêmio das mãos do chefe da ONU, que parabenizou seus serviços, descrevendo-os como “um verdadeiro crédito para as Nações Unidas como um todo”. Ela afirmou que em um ambiente de conflito crescente em Kivu do Norte, as tropas se envolveram ativamente com as comunidades afetadas, incluindo mulheres e meninas.
Ao receber a notícia do prêmio, a Major Sen expressou gratidão por ter sido selecionada e refletiu sobre seu papel na manutenção da paz. Ela disse que o prêmio é especial pois reconhece o trabalho árduo de todos os mantenedores da paz que trabalham no ambiente desafiador da RD Congo.
Criação de plataformas comunitárias
A major Sen liderou patrulhas e atividades de engajamento de gênero misto em um ambiente volátil, onde muitas pessoas, inclusive mulheres e crianças, estavam fugindo do conflito.
As redes de alerta comunitário que ela ajudou a criar em Kivu do Norte serviram como uma plataforma para que líderes comunitários, jovens e mulheres levantassem suas preocupações humanitárias e de segurança, que ela, por sua vez, ajudaria a resolver junto com seus colegas da Monusco.
Como comandante de pelotão, ela promoveu um espaço seguro para que homens e mulheres operassem juntos e rapidamente se tornou um modelo para as forças de manutenção da paz, tanto mulheres quanto homens.
Ela também garantiu que os mantenedores da paz sob seu comando se engajassem de maneira sensível às normas socioculturais e de gênero. A major Sem facilitou aulas de inglês para crianças e de saúde, gênero e treinamento vocacional para adultos deslocados e marginalizados. Seus esforços inspiraram diretamente a solidariedade das mulheres, proporcionando espaços seguros para um diálogo aberto.
Ampliação das vozes das mulheres
Como defensora do gênero, ela incentivou as mulheres do vilarejo de Kashlira a tratar de questões coletivamente, defender seus direitos e ampliar suas vozes dentro da comunidade, em especial nas discussões locais sobre segurança e paz.
A major Sen é a segunda pacificadora indiana a receber o prêmio, depois da major Suman Gawani, co-recipiente em 2019. Outros homenageados anteriores foram do Brasil, do Gana, do Quênia, do Níger, da África do Sul e do Zimbábue. Atualmente, a Índia é o 11º maior contribuinte de mulheres militares de manutenção da paz para a ONU, com 124 atualmente destacadas.
Fonte: ONU