ONU destaca papel de mulheres e jovens na paz e segurança em debate liderado por Moçambique

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O Conselho de Segurança se reuniu nesta terça-feira para a principal sessão da presidência rotativa de Moçambique no órgão. O debate sobre a manutenção da paz e segurança internacionais, com foco no papel das mulheres e jovens, foi liderado pela ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação do país, Verónica Macamo.

A sessão teve a participação da subsecretária-geral para Assuntos Políticos e de Construção da Paz, Rosemary DiCarlo, que destacou que a igualdade de gênero e o reconhecimento das aspirações dos jovens são essenciais para a paz e a segurança sustentáveis em todo o mundo. 

Avanço das mulheres

Ela falou sobre sua recente visita ao Afeganistão, onde conversou com mulheres e meninas em Cabul sobre seus sonhos, principalmente sobre ter a mesma educação que os homens e oportunidades iguais de emprego. 

A diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Bahous, também falou aos membros do Conselho de Segurança e ressaltou que as mulheres e meninas enfrentam uma dupla discriminação, por gênero e idade. Em sua avaliação, isso se intensifica durante os conflitos.

Ela apontou que os três anos de banimento das meninas e mulheres das salas de aula no Afeganistão deixa 1,1 milhão fora das escolas. Em outros lugares, como na África central e ocidental, 13 mil de instituições de ensino foram fechadas por conta dos conflitos, o que impacta diretamente a vida das meninas em idade escolar.

Sima Bahous ainda lembrou que as crianças em Gaza estão sem aulas desde 7 de outubro de 2023. A situação é a mesma no Haiti, com professores e alunos sendo atacados, e no Sudão, que já contabiliza 19 mil crianças que ficaram sem acesso à educação por conta da violência.

Catarina Magaie, uma aluna de 10 anos da escola primária de Changalane, em Moçambique.
UN Habitat Mozambique

Catarina Magaie, uma aluna de 10 anos da escola primária de Changalane, em Moçambique.

Paz e segurança em Moçambique                       

Durante o debate, a ministra de Moçambique, Verónica Macamo, destacou a importância crucial da participação de mulheres e jovens na manutenção da paz e segurança. 

A chefe da diplomacia moçambicana ressaltou que as políticas de paz e segurança só serão eficazes se considerarem profundamente as experiências de violência, injustiça e exclusão vividas por esses grupos. 

Segundo ela, Moçambique tem promovido a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres por meio de iniciativas como a paridade de gênero no governo e a capacitação de milhares de funcionários e membros das forças de segurança sobre questões de igualdade de gênero.

Jovens, paz e segurança

A ministra também enfatizou a necessidade de incluir os jovens nas agendas de paz e segurança, mencionando esforços do governo para capacitar jovens e integrá-los no mercado de trabalho. 

Macamo destacou a importância do envolvimento das organizações da sociedade civil e dos líderes comunitários na promoção da paz. A intervenção concluiu com um apelo aos Estados-membros para priorizarem recursos orçamentários e fortalecerem a implementação da agenda sobre Mulheres e Jovens nas questões de paz e segurança, buscando uma abordagem completa que inclua as necessidades psicossociais das vítimas de conflitos.

Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

O embaixador brasileiro Sérgio Danese falou na sessão em nome da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp, e destacou a importância da participação plena e significativa das mulheres em todas as questões relacionadas à paz e segurança. 

Ele ressaltou que as mulheres desempenham papéis cruciais na prevenção de conflitos e na resolução de crises, além de serem essenciais nos processos de fortalecimento institucional e político pós-conflito. 

Segundo Danese, a Cplp tem priorizado a implementação da Agenda Mulheres, Paz e Segurança por meio de planos de ação para a igualdade de gênero e empoderamento feminino. Ele também enfatizou o papel fundamental dos jovens na prevenção de conflitos e na sustentação da paz, tema prioritário da presidência da entidade para o período 2023-2025. 

Ele destacou a necessidade de reconhecer os desafios específicos enfrentados pelos jovens em situações de conflito, incluindo questões de educação, inclusão social e oportunidades econômicas. 

Além disso, Danese elogiou a iniciativa de envolver os jovens de sexo masculino  no debate para evitar a perpetuação de estruturas de poder patriarcais que limitam a igualdade de gênero e dificultam soluções duradouras para os problemas de segurança. 

A Cplp se comprometeu a colaborar com a ONU e outros parceiros para promover a participação de mulheres e jovens na construção da paz e na prevenção de conflitos.

Fonte: ONU

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