FC Porto e Sérgio Conceição: futebol sem alegria

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O FC Porto está a tentar segurar o 3.º lugar enquanto espera que a época termine depressa

No final do jogo contra o Vitória SC, e de mais uma derrota no Estádio do Dragão, Sérgio Conceição desabafou: «Sinceramente, começo a perder a alegria e a paixão do que é o futebol». O treinador estava a enumerar queixas contra a arbitragem de Fábio Veríssimo, mas aproveito esta frase para refletir sobre a atual situação do FC Porto – e do seu técnico.

Com pouco mais de um mês por jogar, os azuis e brancos antecipam-se à matemática e já sabem que não vão ser campeões. Também anteveem que não chegarão ao 2.º lugar e à tão necessária oportunidade de encaixar os milhões da Liga dos Campeões. E o que o jogo do último domingo trouxe foi mais um sério aviso: ou a equipa acorda deste estado de renúncia ao campeonato, ou até o 3.º posto pode estar ameaçado. Neste momento, resta a Taça de Portugal e o orgulho em mais uma campanha internacional bem conseguida para disfarçar uma má época.

Mais do que o futebol jogado em campo (porque noutros anos também foi muito questionado, mas acabou quase sempre por ter resultados), o que tem faltado aos portistas é precisamente o maior trunfo de Conceição: uma mentalidade competitiva, sempre ligada no máximo e que mantém os adversários em alerta. Este é um FC Porto apático, que se arrasta em campo à espera que a época termine depressa e que dá mais sinais de vida em protesto contra os árbitros do que na vontade de vencer os jogos. Já não há rasgo de Francisco, golo de Evanilson ou passe de Nico que disfarcem isto: o FC Porto perdeu a alegria e os sinais de desgaste do treinador vão-se acumulando.

Durante a confusão que veio de um torneio de infantis em Espanha, Sérgio Conceição chegou mesmo a dizer que se fosse preciso fazer uma pausa no futebol para provar a sua inocência a faria. Após sete anos de alta intensidade, é normal que o técnico tenha estes desabafos. O que não é normal é que, em campo, a equipa já tenha desistido. O FC Porto de Conceição já teve outras crises – umas de resultados, muitas de exibições -, mas nunca tinha atirado a toalha ao chão, como agora parece ter acontecido. E isso, na minha opinião, não é só resultado de mais uma época com opções muito instáveis (ainda por cima, numa altura invulgar na história do clube, com as eleições mais disputadas em 40 anos à porta), mas também do cansaço do treinador que ainda há umas semanas preparava dois jogos contra o Arsenal de forma quase perfeita e que agora não consegue montar a equipa de forma a ganhar a Estoril e Vitória.

Neste momento, ninguém sabe o futuro do FC Porto e de Sérgio Conceição. Depois de 27 de abril teremos algumas respostas, mas até lá ainda há jogos e conferências de imprensa. Não dá para fazer uma pausa na época, respirar e esperar que esta recomece com outro estado de espírito. Ao treinador e à equipa vão exigir-se respostas em campo, mas uma coisa é certa por agora: parece cada vez mais difícil recuperar a alegria.

Fonte: A Bola

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