Chiúre, Cabo Delgado – “Esta escola tornou-se o centro temporário de acolhimento das famílias que vinham das comunidades que foram afectadas pelo conflito armado”, disse Odete Maria Rosa Gonçalves, de 50 anos de idade, Directora da Escola Básica de Coqueiro, que conta com 1,923 alunos, sendo 983 raparigas, que se distribuem em 6 salas de aulas supervisionadas por 29 professores.
Devido a recente onda de violência no Distrito de Chiúre, na província de Cabo Delgado, a escola recebeu adicionalmente 277 meninos e meninas deslocados, provenientes sobretudo da comunidade de Mazeze e Chiúre Velho.
“Em situações normais, os meus professores atendem em média 80 a 90 crianças, com este processo de novas inscrições de crianças deslocadas, acredito que o rácio poderá ser de 100 alunos por cada professor. Esperamos que as autoridades locais de educação aloquem mais professores para garantir que haja condições mínimas para aprendizagem,” disse Odete Gonçalves.
Nos primeiros meses de 2024, o Distrito de Chiúre foi assolado por uma onda de ataques perpetrados pelos Grupos Armados Não Estatais nas comunidades de Mazeze, Ocua e Chiúre Velho. Dados oficiais indicam que, até início de março de 2024, 99,313 pessoas tenham se deslocado para Vila Sede do Distrito, assim como para Eráti, um distrito fronteiriço pertencente a província de Nampula.
De acordo com informação das autoridades de educação de Chiúre, 81 das 142 escolas existentes em todo distrito encerraram, afetando 47,398 alunos, assim como 380 professores. Actualmente, com a situação de insegurança no distrito controlada, nota-se um processo gradual de retorno da população e abertura de serviços públicos de educação. Até o momento pelo menos 20 escolas previamente fechadas, já estão em funcionamento, com isso, cerca de 913 alunos deslocados foram reintegrados nas escolas localizadas na sede do distrito e arredores.
“Os materiais de aprendizagem que recebemos do UNICEF e que estamos a distribuir para as crianças deslocadas são de grande valia, pois maior parte destas não tiveram tempo de levar consigo os seus cadernos e livros escolares no momento de fuga. Os materiais também estão a servir de chamariz, para outros meninos deslocados que permanecem fora da escola, pois notamos que o número de novos deslocados inscritos amentou significativamente desde que iniciamos com o processo de distribuição”, disse Odete que tem sido uma verdadeira líder na campanha de regresso à escola, através da mobilização comunitária constante para consciencializar as famílias deslocadas para levarem suas crianças a escola.
“Não iremos descansar até que todas crianças deslocadas tenham acesso a educação, apesar das nossas dificuldades e limitações,” finalizou Odete com um olhar determinado no seu rosto.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e seus parceiros, tem estado a providenciar assistência humanitária para as famílias deslocadas nos centros transitórios de acomodação, tanto em Chiúre, assim como em Eráti. Com fundos dos Governos da Suécia e da Noruega, e do Fundo Central de Resposta a Emergências (CERF), mais de 17 mil kits para alunos e outros materiais de apoio aos professores foram fornecidos as autoridades educacionais em Chiúre para responder as necessidades dos alunos deslocados que tem estado a ser reintegrados gradualmente nas escolas, como é o caso da Escola Básica de Coqueiro.
Fonte: UNICEF