Ação de gangues já movimentou mais de 33 mil haitianos em março

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Ataques armados intensos registrados nas últimas semanas na Área Metropolitana de Porto Príncipe, no Haiti, obrigaram mais de 33 mil pessoas a deixar a região.

A Organização Internacional para Migrações, OIM, revelou que cerca de 62% delas seguiram rumo aos departamentos do Grand Sud, uma área que já acolhia 116 mil haitianos. Na sua maioria, elas fizeram o movimento nos últimos meses.

Ataques e insegurança generalizada

Os deslocamentos a partir da área metropolitana da capital haitiana seguem-se a ataques e à insegurança generalizada que “levam cada vez mais pessoas a abandonar a área em busca de refúgio nas províncias”.

O representante no Haiti da Organização Mundial da Saúde, OMS, e da Organização Pan-Americana da Saúde, Opas, aponta que os profissionais do setor correm riscos ao passarem pelas rotas controladas por gangues. 

Acessos das principais vias de saída e entrada da cidade estão sob controle dos integrantes de grupos armados
© Unicef/Roger LeMoyne

Acessos das principais vias de saída e entrada da cidade estão sob controle dos integrantes de grupos armados

Em conversa com a ONU News, de Porto Príncipe, Óscar Barreneche falou da ação no terreno visando tentar garantir o acesso das populações aos serviços.

 As mais recentes estimativas das agências da ONU apontam que 1,4 milhão de pessoas no Haiti estão na iminência da fome. Outros 5,5 milhões de haitianos, ou quase metade da população, necessitam de ajuda humanitária.

Operações de socorro e piora da segurança 

Os atos de gangues armadas incluem execuções extrajudiciais, sequestros e violência baseada no gênero. A situação ameaça perturbar as ações de socorro e piorar a segurança dos haitianos, muitos deles em movimento em busca de refúgio. 

Todos os acessos das principais vias de saída e entrada da cidade estão sob controle dos integrantes de grupos armados. 

Na semana passada, o maior hospital do Haiti teve de fechar as portas por causa da operação de gangues nas proximidades. Outras instalações foram diretamente tomadas e não podem reabrir.

Óscar Barreneche disse que as gangues têm se organizado e atuado de forma mais coordenada nos últimos dias. Ele considera “enorme” o impacto da atividade violenta dos grupos armados em áreas como o departamento de Artibonito, a norte de Porto Príncipe, mas especialmente na capital. 

De acordo com as estimativas, cerca de 85% da área da maior cidade haitiana está sob controle de gangues.

Potencial ressurgimento de casos de cólera

O receio das autoridades de saúde é que questões como a atual situação de insegurança, os movimentos de pessoas, a falta de acesso à água potável e a higiene precária possam causar um ressurgimento de casos de cólera.

O representante revelou que uma das tarefas mais importantes no momento é fazer a vigilância epidemiológica.

Nos locais abrigando deslocados internos, a atuação realizada com a Direção de Saúde do Departamento visa garantir que possa haver uma resposta rápida e oportuna aos casos suspeitos.

A violência no Haiti fez subir o total de deslocados internos para 362 mil pessoas.

Fonte: ONU

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