Comércio Global: Há sinais encorajadores em meio a desafios persistentes

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Depois de enfrentar declínios ao longo de vários trimestres, o comércio internacional está preparado para uma recuperação em 2024, de acordo com a última Actualização do Comércio Global da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).A UNCTAD revela que, em 2023, o comércio global registou uma contracção de 3%, equivalendo a cerca de 1 bilião de dólares, em comparação com o máximo recorde de 32 biliões de dólares em 2022. Apesar deste declínio, o sector dos serviços mostrou resiliência com um aumento de 500 mil milhões de dólares, ou 8%, em relação ao ano anterior, enquanto o comércio de bens registou um declínio de 1,3 biliões de dólares, ou 5%, em comparação com 2022.

Diz a instituição que, o quarto trimestre de 2023 marcou um afastamento em relação aos trimestres anteriores, com a estabilização do comércio de mercadorias e de serviços em relação ao trimestre anterior. Os países em desenvolvimento, especialmente os das regiões de África, da Ásia Oriental e do Sul da Ásia, registaram um crescimento no comércio durante este período.

Dinâmica Regional

Nas dinâmicas regionais, a UNTACD constata que embora as principais economias tenham registado, em geral, um declínio no comércio de mercadorias ao longo de 2023, surgiram algumas excepções, como a Federação Russa, que apresentou uma volatilidade notável nas estatísticas comerciais.

Diz ainda a UNCTAD que no final de 2023, o comércio de bens registou um crescimento em várias economias importantes, incluindo a China (+5% das importações) e a Índia (+5% das exportações), embora tenha diminuído na Federação Russa e na União Europeia.

Acrescenta que durante 2023, o desempenho comercial divergiu entre os países em desenvolvimento e os desenvolvidos, com os primeiros a registar um declínio de aproximadamente 4% e os últimos em torno de 6%. O comércio Sul-Sul, ou comércio entre economias em desenvolvimento, registou um declínio mais acentuado, de cerca de 7%. No entanto, estas tendências inverteram-se no último trimestre de 2023, com os países em desenvolvimento e o comércio Sul-Sul a retomarem o crescimento, enquanto o comércio nos países desenvolvidos permaneceu estável.

As tensões geopolíticas continuaram a ter impacto nos fluxos comerciais bilaterais, como demonstrado pela redução da dependência comercial da Federação Russa em relação à União Europeia, ao mesmo tempo que aumentava a sua dependência da China. Além disso, a interdependência comercial entre a China e os Estados Unidos diminuiu ainda mais em 2023.

De acordo com a UNCTAD, a nível regional, o comércio entre as economias africanas contrariou a tendência global, aumentando 6% em 2023, enquanto o comércio intra-regional na Ásia Oriental (-9%) e na América Latina (-5%) ficou aquém da média global.

Quadro Sectorial Misto

A nível sectorial, a maioria das indústrias registou quedas no valor comercial, com excepções como a farmacêutica, o equipamento de transporte (em grande parte devido ao aumento da procura de aeronaves de fuselagem larga) e os veículos automóveis, que cresceram 14%, impulsionados principalmente pela procura de veículos eléctricos.

Por outro lado, detalha a UNCTAD, em 2023, sectores como o vestuário, produtos químicos e os têxteis registaram quedas significativas. No entanto, a maioria dos sectores recuperou no quarto trimestre de 2023, excepto o vestuário, onde o comércio contraiu ainda mais.

Entre os serviços, o turismo e os serviços relacionados com viagens apresentaram a recuperação mais forte, aumentando quase 40% no ano passado.

Perspectivas para 2024

Os dados na posse da UNCTAD, para o primeiro trimestre de 2024, sugerem uma melhoria contínua no comércio mundial, especialmente considerando a moderação da inflação mundial e a melhoria das previsões de crescimento económico. Além disso, espera-se que o aumento da procura de bens ambientais, especialmente veículos eléctricos, impulsione o comércio este ano.

No entanto, as tensões geopolíticas e as perturbações na cadeia de abastecimento persistem como factores cruciais que influenciam as tendências do comércio bilateral e exigem um escrutínio contínuo. As perturbações nas rotas marítimas, especialmente as relacionadas com questões de segurança no Mar Vermelho e no Canal de Suez, bem como os efeitos climáticos adversos nos níveis de água no Canal do Panamá, têm o potencial de aumentar os custos de transporte, prolongar os tempos de viagem e perturbar as cadeias de abastecimento.

 

 

Fonte: O Económico

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