Moçambique pode tornar-se um pilar na produção energética

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A consultora Deloitte revela que Moçambique será responsável por 20% da produção energética do continente africano até 2040. E mais, a pesquisa avança que, no mesmo período, o país pode integrar a lista dos 10 maiores produtores do recurso no mundo.

A consultora Deloitte lançou um relatório intitulado “África Energy Outlook 2024, Mozambique Special Report”, no qual destaca o potencial de Moçambique para se tornar um dos principais actores do sector energético na África Austral até 2040. Segundo a análise da Deloitte, as reservas de gás do país estão a tornar Moçambique num dos principais produtores mundiais de energia, com a capacidade de contribuir com até 20% da produção energética do continente africano.

“As vastas reservas de gás de Moçambique poderão fazer do país um dos 10 maiores produtores mundiais, responsável por 20% da produção de África até 2040”, avança o relatório.

O relatório sublinha que Moçambique está a testemunhar uma expansão significativa em todo o sector energético, com um foco crescente numa variedade de fontes renováveis, incluindo biomassa, energia hídrica, solar e eólica. Essa diversificação energética é considerada crucial para garantir a sustentabilidade e a resiliência do sector nos próximos anos.

Nas projeções está a previsão de que Moçambique poderá gerar até 187 Gigawatts (GW) de energia até 2040, provenientes de uma variedade de fontes, incluindo carvão, gás natural e energias renováveis. Este crescimento representará, segundo a Deloitte, um marco significativo para o país, elevando sua importância no cenário energético global.

Embora Moçambique tenha sido reconhecido pelo potencial energético, o relatório também destaca desafios importantes que o país enfrentará. Um dos principais desafios é o paradoxo energético. Apesar dos vastos recursos energéticos do país, ainda prevalecem a pobreza e o acesso limitado à energia, especialmente em áreas rurais, onde apenas 44% da população tem acesso à eletricidade, de acordo com as análises.

O relatório identifica, também, várias oportunidades e desafios para Moçambique nos próximos cinco a dez anos em diversas áreas, incluindo combustíveis fósseis e energias renováveis.

Embora Moçambique não seja um produtor significativo de petróleo, a produção de gás condensado e os projectos em andamento na bacia do Rovuma estão a ajudar o país a reduzir a sua dependência das importações de petróleo. O governo também está a promover activamente a produção e utilização de biocombustíveis, além do uso crescente de veículos movidos a gás.

Moçambique detém uma das maiores reservas de carvão do mundo, com a mina de Moatize representando uma parte significativa dessas reservas. O governo pretende aumentar a capacidade instalada para 1,7 Gigawatts até 2042, garantindo uma produção anual de eletricidade de 2 Terawatt-hora (TWH). De acordo com a Deloitte, apesar das preocupações globais com o carvão, este continuará a desempenhar um papel importante nas exportações e no suporte às indústrias domésticas, como o ferro e o aço.

O relatório avança ainda que, com as maiores reservas de gás natural da África Subsaariana, Moçambique está posicionado para se tornar um dos principais produtores regionais. Projectos como o PSA, Coral Sul e Norte (FLNG) e Mozambique LNG estão a impulsionar a produção, com estimativas de duplicação até 2030. O gás natural, com suas emissões reduzidas de carbono em comparação com o petróleo e o carvão, está a se tornar cada vez mais procurado no mercado global.

O país possui, igualmente, um enorme potencial para energias renováveis, com destaque para a energia hídrica, solar e eólica. Projectos em curso, como Mphanda Nkuwa e Cahora Bassa Norte, estão a aumentar a capacidade hidreléctrica do país. Além disso, espera-se que a energia solar e eólica representem uma parcela significativa do sector energético no país até 2040.

“Moçambique possui um impressionante potencial hidroelétrico de cerca de 12 000MW, um dos maiores da África Subsaariana, com mais de 80% deste potencial está localizado no Vale do Zambeze, que inclui a actual central de 2000MW de Cahora Bassa de 2 000 MW”, aponta o relatório.

Segundo escreve a Deloitte, Moçambique está comprometido com a expansão das energias renováveis ​​como parte de sua estratégia energética de longo prazo. De acordo com projeções recentes, espera-se que a energia solar e eólica represente 20% do mix energético do país até o ano de 2040, marcando um avanço significativo em direção a uma matriz energética mais limpa e sustentável.

Até 2030, Moçambique planeia aumentar sua capacidade instalada de energia solar e eólica. Está prevista uma capacidade de energia solar de 266 MW, juntamente com uma capacidade eólica de 40 MW.

Em um esforço para impulsionar a capacidade de energia solar, estão em andamento projectos importantes, como a construção da central solar de Cuamba II, localizada na província de Niassa, com uma capacidade de 20 MW. Além disso, as já operacionais centrais de Mocuba, na Zambézia, e de Meteoro, em Cabo Delgado, continuam a desempenhar um papel crucial no fornecimento de energia limpa e acessível para as comunidades locais.

Quanto à energia eólica, novos projectos estão a ser desenvolvidos em áreas estratégicas, como Inhambane e Namaacha, com a expectativa de adicionar uma capacidade adicional de 170 MW até 2030.

Além das energias solar e eólica, Moçambique também está explorando ativamente o potencial da biomassa e outras fontes de energia renovável. Paralelamente, os resíduos da actividade florestal têm o potencial de gerar 750 GWh de energia, contribuindo para a redução do uso de combustíveis fósseis e a mitigação das mudanças climáticas.

É importante destacar que, apesar do progresso nas energias renováveis, ainda existe uma grande dependência da biomassa, madeira e carvão como fontes de energia para consumo doméstico em Moçambique.

No entanto, para alcançar todo esse potencial, Moçambique enfrentará desafios significativos, incluindo o desenvolvimento de infra-estrutura adequada, atração de investimentos estrangeiros e garantia de acesso equitativo à energia para toda a população.

Fonte:O País

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