Casos de crianças mortas por desnutrição aumentam em Gaza

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No norte de Gaza, uma em cada seis crianças com menos de dois anos está severamente desnutrida. Nesta quarta-feira, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Ghebreyesus, disse que “os menores que sobreviveram a bombardeios, podem não sobreviver à fome”. 

A OMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, alertaram para os níveis extremos de insegurança alimentar infantil no norte de Gaza, com pelo menos 15 crianças mortas por desnutrição e desidratação no Hospital Kamal Adwan e outras seis gravemente desnutridas em risco de morte.

Apoio humanitário restringido

O Unicef afirmou que as taxas de desnutrição para crianças menores de cinco anos no norte de Gaza, onde o acesso à ajuda tem sido limitado, são três vezes maiores do que as do sul.

Em conversa com jornalistas nesta quarta-feira, o coordenador humanitário interino da ONU para o Território Palestino Ocupado, Jamie McGoldrick, disse que a desnutrição está causando mais casos médicos do que as equipes são capazes de lidar. 

Ele mencionou que a situação da fome é desesperadora e que nesta terça-feira 14 caminhões do Programa Mundial de Alimentos, PMA, que se dirigiam ao norte foram “completamente saqueados”.

Atualmente, a Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, estima que a população do norte de Gaza e das províncias adjacentes seja de até 300 mil pessoas. A capacidade da agência de fornecer apoio humanitário e dados atualizados foi severamente restringida.

Os caminhões da Unrwa têm lutado para entrar na Faixa de Gaza devido à guerra e à abertura inconsistente de ambas as travessias. A segurança para administrar a passagem de Rafah, no Sul, foi severamente afetada devido à morte de vários policiais palestinos em ataques aéreos israelenses perto da travessia no início de fevereiro.

Distribuição de refeições quentes em Gaza
PMA/Mostafa Ghroz

Distribuição de refeições quentes em Gaza

Bombardeios aéreos, terrestres e marítimos

Nos primeiros três dias de março, houve um pequeno aumento no número de ajuda entrando no enclave, com uma média de 127 caminhões por dia, bem abaixo da capacidade operacional de ambos os postos fronteiriços. Em fevereiro, as entradas foram consideradas muito baixas com cerca de 99 caminhões por dia. 

Após visitar Gaza, Jamie McGoldrick afirmou que Rafah está menos lotada do que em sua última visita, pois muitas pessoas estão saindo do local e voltando para o norte por medo de uma incursão militar. 

Ele alertou que em caso de um ataque de ampla escala, a ONU não dispõe no momento de uma cadeia de abastecimento adequada e da capacidade de pre-posicionar itens de ajuda. 

Houve relatos de intensos bombardeios aéreos, terrestres e marítimos de forças israelenses em grande parte do enclave nesta quarta-feira, resultando em mais vítimas civis, deslocamentos e destruição de infraestrutura civil. 

Os ataques aéreos continuam em Rafah, onde em 2 de março houve relatos de bombardeios perto de um hospital de saúde primária materna apoiado pela Organização Médicos Sem Fronteiras.

Até 4 de março, cerca de 1,7 milhão de pessoas, o que representa mais de 75% da população, foram deslocadas em toda a Faixa de Gaza, algumas várias vezes. As famílias são forçadas a se mudar repetidamente em busca de segurança.

Fonte: ONU

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