Especialista A Bola fala em «trabalho com alguns erros»
Nuno Almeida dirigiu o primeiro jogo da Final Four que colocou frente a frente SC Braga e Sporting.
O jogo marcou também a despedida dos relvados de André Campos, um dos melhores árbitros assistentes da atualidade, que decidiu terminar a carreira que iniciou em 1995. Os bons devem ter sempre lugar na arbitragem.
Segue análise técnica aos lances mais relevantes do encontro:
5′ Zalazar atingiu Nuno Santos de forma imprudente (braço esquerdo na cara). O árbitro não viu a infração cometida pelo jogador espanhol.
15′ Eduardo Quaresma viu bem o primeiro cartão amarelo da partida após entrada duríssima e muito negligente sobre o calcanhar de Álvaro Djaló. A decisão disciplinar, ainda que no limite, foi correta porque a entrada não foi em salto, não teve velocidade e o pé do central estava apoiado no relvado quando se deu o contacto. Isso geralmente significa que a carga exercida é menor (o que diminui o risco de lesão).
20′ Hjulmand foi ao relvado e tirou a bola a Álvaro Djaló sem cometer infração sobre o adversário. Foi bem analisado o lance que ocorreu já dentro da área do Sporting.
33′ Pizzi isolou Álvaro Djaló que deixou-se antecipar pelo guarda-redes adversário. Se o lance tivesse resultado em golo ou pontapé de penálti, o VAR seria chamado a intervir: é que no início da jogada, Pizzi tocou na passada em Hjulmand, derrubando-o de forma imprudente.
45+1′ Cartão amarelo bem exibido a Gyokeres (por simulação): o avançado sueco, ao tentar passar entre dois adversários, pareceu desequilibrar-se, mas depois tentou potenciar a situação para obter o benefício maior. Foi esse instinto que foi bem sancionado pelo árbitro algarvio.
Nota – Mal gerido o lance que antecedeu o final da primeira parte. A decisão de terminar o jogo pareceu algo emocional, ou seja, como resposta ao facto de João Moutinho estar eventualmente a demorar algum tempo para repor a bola em jogo no pontapé-livre. Se foi essa a interpretação, era preferível advertir o jogador e compensar depois o tempo perdido. Nuno Almeida, árbitro de qualidade e sensibilidade, deve ter percebido de imediato que se precipitou.
54′ Gyokeres partiu de posição legal para rematar com perigo à baliza de Matheus. Esteve bem o árbitro assistente ao validar a jogada.
55′ Erro de análise de Nuno Almeida: Coates derrubou Álvaro Djaló, cortando ataque prometedor conduzido pelo bracarense. Ficou por assinalar pontapé-livre e por exibir cartão amarelo ao capitão do Sporting CP.
63′ Rui Fonte intercetou ilegalmente (com o braço direito levantado e na direção da bola) jogada disputada perto da sua área. O árbitro não viu e o VAR não podia intervir. Ficou por assinalar pontapé-livre favorável ao Sporting.
65′ Abel Ruiz teve o apoio do seu ombro esquerdo para marcar o único golo do jogo. O contacto naquela zona do corpo é permitido. Esteve bem a equipa de arbitragem.
69′ Matheus Reis tinha o braço direito encolhido junto ao corpo quando Zalazar rematou, mas o esquerdo não resistiu ao impulso de manter-se firme, com punho fechado e fora da zona do corpo, em zona evitável. A trajetória da bola foi alterada, embora o remate não fosse na direção da baliza. A imprudência do lateral devia ter sido sancionada com pontapé de penálti. A infração não justificava sanção disciplinar. É compreensível que, neste tipo de lances, o VAR raramente tenha certezas que a infração seja clara e óbvia.
81′ João Moutinho foi bem advertido após entrada negligente às pernas de Gyokeres.
89′ Moutinho escapou ao segundo cartão amarelo e respetivo vermelho após pisar o pé de Pedro Gonçalves de forma negligente. O médio chegou tarde à dividida e acabou por lesionar o adversário fruto da sua abordagem. Também aqui o VAR não podia intervir.
Nota 4: Trabalho com alguns erros
Fonte: A Bola