Honwana diz que diálogo entre países da SADC deixou de existir com morte de Samora

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Luís Bernardo Honwana diz que falta diálogo entre os países da região austral de África, o que mata a proximidade que existia na época de Samora Machel. Honwana diz ainda que a solução para a crise energética na África do Sul está em Moçambique, mas não há articulação entre os países.

Ontem, pelo segundo dia consecutivo, académicos, estudantes, escritores e várias personalidades juntaram-se para debater Samora Machel, em conferência internacional, que se realiza no âmbito da passagem dos 90 anos do nascimento do primeiro Presidente de Moçambique.

O escritor e jornalista Luís Bernardo Honwana e o também jornalista Alves Gomes foram oradores do primeiro painel do dia com o tema: “Samora, a SADCC e o Afrikaner Broederbond”.

Com a morte de Samora Machel, em 1986, segundo Luís Bernardo Honwana, desapareceu a proximidade que existia entre os países da região austral.

“Aquela proximidade que se verificava no tempo de Samora, em que as chefias dos países se encontravam quase permanentemente, coordenavam, identificavam problemas, procuravam encontrar soluções comuns, isso já não é característica da nossa subregião. O que a caracteriza é o não diálogo”, lamentou Honwana, afirmando que a própria investigação do acidente de Mbuzini, que matou o primeiro Presidente de Moçambique, “foi atingida por esta nova situação. Nunca se realizou de modo a encontrar conclusões aceitáveis”.

O autor do “Nós Matamos o Cão Tinhoso” coloca o dedo na ferida, ao olhar para os problemas da actualidade, lançando culpa à falta de articulação.

“As relações entre nós e a África do Sul nunca foram tão más. Neste momento, não se viaja de estrada aqui para Nelspruit, a África do Sul vive uma crise terrível de energia e sabe-se que a solução desta crise é Moçambique, mas as autoridades moçambicanas e sul-africanas não conseguem articular para implementar esta solução óbvia”, disse Honwana.

A conferência internacional alusiva aos 90 anos de Samora Machel decorre na Cidade de Maputo e termina esta sexta-feira com a visita ao Centro de Interpretação da Matola. 

Fonte:O País

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