MAPUTO- “As pressões económicas externas sobre o crescimento do PIB real melhoraram, de alguma forma, durante este ano”, diz a S&P, vincando que o fortalecimento do metical e a subida dos preços dos alumínio e do carvão “vão aumentar a produção e os investimentos e, juntamente com os investimentos relacionados com o sector do gás natural líquido, vão suportar um ressalto no crescimento do PIB real, que deverá aumentar, em média, 5,5% entre 2017 e 2020”.No relatório sobre a avaliação do ‘rating’ de Moçambique, hoje divulgado, a S&P escreve que a aceleração do crescimento da economia, de 3,8% em 2016 para 4% este ano e um ponto percentual acima em cada ano até 2020 “será alicerçada nos desenvolvimentos positivos na indústria do gás, como a Decisão Final de Investimento da ENI na Bacia do Rovuma”, cujos principais contributos para a economia só vão sentir-se depois de 2020, o horizonte das previsões da S&P.Na avaliação sobre o andamento da economia, os analistas Rhavi Bhatia e Gardner Rusike, que assinam o relatório, dizem que nos próximos anos “um peso da dívida particularmente elevado, juntamente com a procura interna fraca e baixos níveis de investimento, vão continuar a pesar nas perspectivas de evolução da economia moçambicana”.O PIB percapita, por exemplo, desceu para 371 dólares por habitante, “quase metade do seu nível há três anos”, antes da queda dos preços das matérias-primas e da divulgação de dívidas de empresas públicas com garantia do Estado que foram escondidas dos doadores internacionais e das instituições nacionais.As previsões para a evolução da dívida pública face ao PIB apontam para um rácio na ordem dos 128,1% este ano, acima dos 127,5% do ano passado, e significativamente acima dos 94,7% de 2015.Até 2020, a S&P estima que a dívida pública desça para 125,6% do PIB em 2018 e depois mais significativamente, para 119,3 e 111,7% do PIB nos dois anos seguintes.Na acção de ‘rating’ hoje divulgada, a S&P manteve o ‘rating’ para a dívida em moeda externa de Moçambique em ‘Incumprimento Selectivo’ e também manteve a dívida emitida em meticais abaixo da recomendação de investimento.A perspectiva de evolução (‘Outlook’) para as emissões de dívida em meticais mantém-se Estável, o que significa que “não é previsível que haja uma melhoria na avaliação da dívida interna nos próximos 12 meses”, enquanto as emissões em moeda externa, os chamados ‘eurobonds’, não têm uma previsão de evolução porque são um facto – o incumprimento financeiro – e não uma avaliação da capacidade do emissor para pagar aos credores. [FM]
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