Anadarko finalizou dois acordos com Governo de Moçambique para operacionalização do projecto de Gás Natural Liquefeito no norte do país
A multinacional norte-americana Anadarko Petroleum Corporation anunciou, ontem, ter finalizado dois acordos com o Governo de Moçambique – conhecidos em conjunto como Concessões Marítimas – que permitirão o desenho, construção e operacionalização das instalações marítimas para os seus projectos de Gás Natural Liquefeito (GNL) no norte de Moçambique. Segundo comunicado enviado ao nosso jornal pela Anadarko, o anúncio foi feito na sequência da publicação dos decretos do Governo de Moçambique que aprovam os referidos acordos. Os projectos de gás são aguardados com muita expectativa, já que têm potencial para trazer ao país grandes quantidades de divisas úteis para o combate à pobreza. O projecto da Anadarko é de dimensão global que, a avançar, pode colocar Moçambique no mapa dos grandes produtores de gás do mundo, a par do projecto que está para começar a ser desenvolvido pelo consórcio liderado pela ENI. “Este é um marco importante a caminho da Decisão Final de Investimento (DFI) para o nosso projecto inicial de dois trens de GNL. O marco assinala o cumprimento dos componentes centrais do Quadro Legal e Contratual com o Governo. Poderemos, agora, prosseguir com os nossos planos para dar início ao processo de reassentamento que irá permitir a construção da fábrica de GNL. Adicionalmente, continuamos a fazer progressos assinaláveis com relação aos nossos esforços de garantir os acordos de longo prazo de compra e venda de GNL (SPAs) com os principais compradores, e intensificaremos o nosso trabalho para mobilizar o financiamento necessário para execução do projecto. Contamos tomar a DFI assim que os SPAs e os acordos de financiamento estiverem firmados”, disse Mitch Ingram, vice-presidente executivo da Anadarko, Global GNL, citado pelo documento. A Anadarko está a desenvolver a primeira fábrica de GNL, em terra, que consiste inicialmente em duas plataformas com a capacidade total de produzir 12 milhões de toneladas por ano (MTPA), através do gás natural proveniente dos campos Golfinho/Atum localizados no mar inteiramente dentro da Área 1 da Bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado. A Anadarko opera a Área 1 com uma participação de 26.5 por cento. O co-empreendimento inclui a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos E.P. (ENH) (15 por cento), a japonesa Mitsui E&P Mozambique Área Ltd. (20 por cento), ONGC Videsh Ltd. (16 por cento), Barhat Petro Resources Ltd. (10 por cento), PTT Exploration & Production Plc (8.5 por cento), e Oil India Ltd. (4 por cento). Até ao final de 2016, a Anadarko tinha aproximadamente 1.72 biliões de barris-equivalentes de reservas confirmadas, fazendo dela uma das maiores companhias independentes, a nível mundial, que desenvolve pesquisa e produção. Boa nova após momentos de incerteza Por um momento, em 2015, a certeza de que Moçambique poderia receber investimentos de vulto na área do gás, apagou-se. Tudo porque o preço dos produtos petrolíferos conheceu uma redução significativa, chegando o barril de petróleo (cujo preço ronda, habitualmente, nos 100 dólares norte-americanos), caído para um mínimo histórico abaixo dos 30 dólares. A situação gerou prejuízos importantes às multinacionais do sector petrolífero, e adiou investimentos como o que será desenvolvido pela ENI e Anadarko em Moçambique, além de que penalizou, em grande medida, economias fortemente dependentes do petróleo, como a de Angola e Nigéria, que viram as receitas petrolíferas sofrerem forte erosão, forçando a cortes profundos nas despesas públicas.
Fonte: O Pais -Economia