Renamo e Governo divergem sobre a retirada de tropas
Um grupo de jornalistas de diversos órgãos de comunicação social, entre públicos e privados, escalou, sob a direcção das Forças de Defesa e Segurança (FDS), a serra de Gorongosa, para aferir a retirada das oito posições que o Presidente da República prometeu desactivar, no âmbito do cumprimento da trégua.
No meio de dificuldades, devido às vias de acesso, após escalar as posições de Nhamadjiwa, Nhachenge, MaPanga-Panga, Nhancunga, Lourenço, Mangueiras e Nhariroza, os jornalistas constataram ausência das FDS em algumas posições e existência das forças em outras, a exemplo de Nhamadjiwa, Nhariroza e Magueiras.
Mesmo perante os factos, o comandante responsável pelas tropas governamentais em Gorongosa, Wind Wind Badford, afirmou, primeiramente, na quarta-feira, que todas as posições de que a Renamo reivindica retirada já haviam sido desactivadas.
E porque as declarações de Badford contrastavam com os factos no terreno, os jornalistas insistiram, ontem, para que fosse ouvida a comissão mista – um grupo constituído pelo Governo e pela Renamo, para monitorar a trégua.
A referida comissão divergiu quanto à retirada das tropas governamentais em Gorongosa. A equipa do Governo, na voz do seu sub-chefe, reiterou que as tropas já haviam sido desactivadas na totalidade. “Nós estamos há aproximadamente dois meses e já fizemos a verificação, no terreno, da retirada das forças nas posições acordadas entre o líder da Renamo e o Presidente da República”, disse Borges Nordino.
Mas João Buca, representante da Renamo na Comissão mista, desmentiu a retirada dos militares. “As posições não estão sendo retiradas. Apenas estão sendo mudadas de seus lugares”, referiu Buca, apontando exemplos: “as posições de Nhauranga, MaPanga-Panga e Nhauchenge foram retiradas e de acordo com populares e FDS, que nos acompanhavam, disseram claramente que estavam nas Mangueiras”.
Confrontado com esta realidade, o comandante responsável pelas tropas governamentais recuou da sua versão inicial e admitiu que as posições foram movimentadas para Satungira, ou seja, mantém-se na mesma zona.
“Algumas forças retiradas de algumas posições por onde passamos foram a Santungira, enquanto as outras regressaram às suas origens”, salientou o comandante Wind Wind Badford.
A comissão mista é composta por oito elementos, sendo quatro do Governo e igual número indicados pela Renamo.
Do lado governamental, o grupo é chefiado por Borges Nordino que ostenta a patente de coronel; Zeca Cebolinho (coronel); Raúl Wamusse (superintendente principal) e Viriato Tamele (tenente-coronel).
Já a Renamo, confiou João Buca para chefiar o grupo e coadjuvado por Carlos Esquivar Chumbo, militar que carrega a patente de major; Brito Colete (tenente-coronel) e Augusto Pahiwa, major das forças da perdiz.
Fonte: O Pais -Politica