Está aberta uma nova frente de guerra de palavras e troca de acusações, entre o Governo e a Renamo, por causa da alegada falta à promessa, por parte do Presidente da República e Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS), Filipe Nyusi, em relação à retirada de militares, em oito posições, junto à Serra de Gorongosa, na província de Sofala, onde se acredita que esteja aquartelado e sitiado o líder do maior partido da oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama. Assegura-se, contudo, que as armas continuarão sem soar e a paz ainda por tempo indeterminado, bem como está salvaguardada a interação entre os dois dirigentes com vista ao alcance da tão almejada paz definitiva.
Filipe Nyusi, anunciou, a 25 de Junho, na Praça dos Heróis Moçambicanos, em Maputo, a retirada de militares em oito regiões do distrito de Gorongosa, uma operação que não se materializou até 30 do mesmo mês, segundo a “Perdiz”.
Trata-se das posições de Nhantaca, Mucodza, Nhancunga, Mapangapanga, Namadgiwa, Nhauchenge, Lourenço e Nhaliosa, as quais foram acordadas com a Renamo no âmbito do diálogo político que passou a decorrer longe da media no país.
Todavia, o líder partido liderado da Renamo, Afonso Dhlakama, disse, há dias, que as declarações do Chefe de Estado não passaram de letra-morta, pois nenhuma posição das FDS foi retirada da Serra Gorongosa, pese embora seja um assunto acordado em Abril deste ano e que devia ter iniciado em Maio.
No último sábado (01), Salvador M’tumuke, ministro da Defesa, afirmou, no distrito de Dôa, em Tete, onde Filipe Nyusi se encontrava de visita, que as oito posições tropas governamentais, que cercavam ou cercam Dhlakama, na Serra da Gorongosa, já tinham sido retiradas.
O governante foi mais longe, propondo a criação de uma equipa conjunta, constituída por oficiais das partes em conflito [Governo e Renamo] e jornalistas, “para confirmar no terreno a retirada das Forças de Defesa e Segurança”.
Nesta terça-feira (04), a “Perdiz” convocou uma conferência de imprensa para dizer, publicamente, que “O que o ministro [Salvador M’tumuke] disse foi além do que os dois presidentes [Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama] trataram”.
“A verdade é que ninguém saiu de Gorongosa”, disse António Muchanga, porta-voz do partido.
A permanência de militares naquele lugar “põe em causa a palavra do Comandante-Chefe das Forças de Defesa e Segurança (…)”.
Segundo explicou António Muchanga, o que aconteceu no espaço que durante anos foi palco de confrontos militares foi a movimentação de posições das tropas governamentais de um local para o outro, violando, desta maneira, o entendimento alcançado entre o Presidente da República e o líder da Renamo.
“No terreno assiste-se a movimentação [de tropas] de umas posições para outras. Movimentou-se, por exemplo, a posição de Mapangapanga, Nhancunga, Nhauchenge e Namadgiwa”, disse Muchanga.
Estas posições foram movimentadas e seus efectivos juntaram-se às posições de Zongorwe, perto do rio Nhaduwe, de Tazaronda, Nhaulanga e Mucodza. Isto antes do dia 25 de Junho”.
A 26 do mesmo mês movimentaram-se “duas posições, nomeadamente a de Lourenço, para Kanda-Sede do posto administrativo, e de Nhaliosa, para Nhaulanga”.
Num outro desenvolvimento, o porta-voz declarou que “a Renamo vai persistir, a chamar à razão” a Filipe Nyusi, para que “mande fazer o que prometeu [retirar as FDS junto à Serra da Gorongosa], porque tem instrumentos bastantes” para o efeito.
O que se exige é que cumpra o entendimento alcançado entre o “presidente Dhlakama e o Presidente Nyusi. Se há dificuldades, que se diga, para que os dois dirigentes encontrem melhor saída” para o problema.