Jovens marcham pela revogação das novas tarifas de internet, chamadas e SMS

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Mais de mil jovens marcharam, hoje, pela revogação total das novas tarifas de internet, chamadas e SMS aprovadas pelo INCM. Os manifestantes dizem que os novos preços são sufocantes e limitam o exercício das liberdades dos cidadãos.Milhares de jovens, milhares de braços e milhares de vozes (…) Uma só força e um único objectivo: exigir a revogação das novas tarifas das comunicações aprovadas pelo INCM (Instituto Nacional das Comunicações).Foi através de dísticos, cânticos e dança, que centenas de jovens sairam a rua para expressar o seu descontentamento com o alto custo dos serviços de dados, chamadas e SMS.Na marcha, que partiu da Avenida Eduardo Mondlane rumo ao INCM, os jovens reclamavam que as novas tarifas das comunicações estão a baralhar as contas.“Não é justo. Hoje em dia, o mundo já está digitalizado e nós precisamos da internet quase para tudo. Nós vamos à escola e alguns de nós trabalhamos via internet. Então, com essa subida drástica, nós não estamos a conseguir equilibrar as contas, principalmente em casa. A internet que nós pagávamos, mensalmente 500 Meticais, hoje estamos a pagar dois a três mil Meticais em uma semana. É muito complicado”, contou Ibraimo Carimo, um dos jovens presentes na marcha.Mais complicado ainda, fica a situação de quem ganha a vida, usando a internet. Destaque para os influenciadores digitais que marcaram a sua presença na marcha.“A internet, hoje em dia, está muita cara e isso influencia negativamente nos nossos negócios e estudos. É possível conseguirmos nos manter com estas tarifas”, lamentou Lúcia Alberto, secundada por Pablo, influenciador digital: “Eu acho um balúrdio o actual custo de internet porque nós usamo-la para trabalhar. Eu, como influenciador digital, essa situação me prejudica. Se formos a ver, em 2020, nós tivemos o coronavírus e a internet foi usada para desacelerar a pandemia, mas hoje a internet está a ser viral. Não faz sentido”.Fortemente escoltada pela Polícia da República de Moçambique, de trânsito e Municipal, os manifestantes seguiram pelas Avenida da Tanzânia e 24 de Julho, até desaguar no INCM. A escolha não foi por acaso.“INCM é o cemitério dos moçambicanos. Nós estamos aqui para passar uma mensagem de revogação total em relação à decisão do INCM, a resolução que aprova as tarifas porque a mesma instituição, enquanto fala à esquerda vira à direita. Diz-nos que decidiu subir as tarifas, mas veio a público dizer que baixou. Agora diz que são as operadoras. Então, queremos que o INCM se conforme com a lei porque não é seu papel. O seu papel é definir princípios e não tarifas”, afirmou Quitéria, Guirengane, da sociedade civil, com um tom carregado de revolta.Enquanto os manifestantes se dirigiam para o edifício do INCM, cantavam e dançam, não de felicidade, mas de frustração e revolta. E, de uma marcha lenta, ecoavam vozes de repúdio às novas tarifas das comunicações.“Se antes, tínhamos um certo pacote a mi Meticais e, mesmo assim, recarregávamos constantemente, imagina agora? São subidas de mais de 200%. Então, queremos que se faça um estudo para ver qual é o salário que os moçambicanos recebem e quanto poderá gastar com serviços de internet, chamadas e SMS. Vamos supor que um cidadão receba cinco mil Meticais de salário e tenha que dar dois ou três mil Meticais com a internet, como é que sobrevive?”, questionou, retoricamente, Robertino Jorge, um dos manifestantes.Para já, há uma só palavra de ordem: “quero que voltem ao preço normal. O custo de vida é elevado. Quer dizer que estamos a comprar 1GB a um preço de açúcar, não faz sentido. Então, tem que se voltar ao preço estável. 1GB a 15 Meticais”, sentenciou Saquira Tuacau.O chefe da bancada municipal do MDM na Cidade de Maputo juntou-se à causa. “É preciso corrigir injustiças. Esta atitude do Governo de aumentar a tarifa de internet, significa um retrocesso e limitação no acesso à informação, mas acima de tudo, é amputar o desenvolvimento social e cultural dos povos. Então, nós como povo, não podemos permitir que isso aconteça”; observou, Augusto Mbazo, deputado municipal pelo MDM, na Cidade de Maputo.A marcha pacífica tinha como destino o INCM. Na instituição, os manifestantes fariam chegar a sua mensagem através deste caixão improvisado.Chegados ao local, a Polícia fez um cinturão em todo o edifício do INCM e impediu que os manifestantes deixassem ali o seu caixão. Houve confusão. Houve tentativa de negociações entre os manifestantes e a Polícia para que se deixasse ali o caixão, mas em vão.“Há uma acção simbólica que deve acontecer no INCM. Nós convidamos a direcção da instituição para fazer-se presente para receberem aos jovens, mas responderam com arrogância e não quiseram assinar o protocolo. Então, os jovens decidiram que vêm deixar a mensagem na sua presença ou ausência. Simbolicamente, porque este é o cemitério dos sonhos dos moçambicanos, o caixão representa a mensagem que queremos deixar”, explicou Quitéria Guirengane.Instantes depois, os manifestantes foram autorizados a se aproximar do passeio do INCM com o caixão, mas íbidos de deixá-lo naquele sítio, um meio-termo que funcionou.Os organizadores garantiram que vão recorrer a todas as instituições possíveis para que as novas tarifas dos serviços de dados, SMS e chamadas sejam revogadas.“Nós estamos a ir aos tribunais, ao Provedor de Justiça, à Comissão dos Direitos Humanos, ao Relator Especial das Nações Unidas. Estamos a usar todos os mecanismos possíveis e esta primeira marcha é no INCM, mas a próxima vez estaremos a fazer essa discussão no Ministério dos Transportes e Comunicações e depois a Presidência, porque apesar de a lei proibir manifestação até aos órgãos de soberania, estabelece 100 metros. Vamos parar a esta distância da Presidência e falarmos com aquele que dá ordens superiores se ele não resolver este problema. As operadoras vão ser bloqueadas nas redes sociais e colocar comentários r e ligar para a linha do cliente a exigir que se devolvam os nossos direitos”, revelou Quitéria Guirengane.As novas tarifas aprovadas pelo INCM entraram no dia 06 de Maio corrente e, segundo argumentou o regulador, visam evitar o colapso das comunicações em Moçambique.

Fonte:O País

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