Por: Huwana Rubi
Não é comum, no nosso meio literário, onde a crítica das artes parece hibernada na mesma cápsula onde o País se faz letargo, lermos dois exaustivos ensaios sobre a mesma obra, com os dois a convergirem na importância que a atribuem, ressaltando a sua relevância literária, neste caso, o facto de, “neste romance, a ficção e a história são habilmente combinadas.”, citada a co-autoria da Professora Ana Mafalda Leite.
Mais do que um simples reconhecimento da qualidade literária, um dos ensaios, “O insólito ficcional na narrativa moçambicana contemporânea: leituras de saga d’ ouro, de Aurélio Furdela”, do destacado estudioso brasileiro João Olinto, se mostra revolucionário no olhar que faz sobre a literatura moçambicana, a colocar no mesmo patamar de amadurecimento literário a prosa do escritor Aurélio Furdela, ao lado de Ungulani Ba Ka Khosa e Mia Couto, ao considerar:
“Decorre que, embora em períodos anteriores a prosa tenha apresentado obras que contavam sobre a realidade do – à época, colônia portuguesa – território moçambicano – a exemplos de obras como Godido, de João Dias; ou Nós Matamos o Cão-Tinhoso, de Honwana (TRINDADE JR, 2019) –, eram experimentações esporádicas, em detrimento da vocação dos moçambicanos para serem uma “pátria de poetas” (NOA, 2007, p. 284). Assim, a prosa passa por décadas até atingir o amadurecimento de um Ba Ka Khosa, um Mia Couto e, apontamos aqui, um Aurélio Furdela.”
Aurélio Furdela dizia há dias que neste preciso mês de Novembro completa 20 anos de publicação em livro, quero acreditar agora que terá motivos bastantes para celebrar: parabéns escritor!
Fonte:O País